Massoud Moukbel Tânios, filho de Moukbel Tânios e Sada Tânios, nasceu em Rachaya, no Líbano, no dia 26/01/1930. Tem cinco irmãos: Esperidião, Elias e Jorge, Abdalla e Anaceze (in memorian). Casou-se em 1961 com Aparecida Iani e da união nasceu a filha Sandra. Tem uma neta, Sara.
A VINDA PARA O BRASIL – “Quando eu morava no Líbano trabalhei numa fábrica de cerâmica, amassava barro para fazer jarra, moringas e filtros. Nossa família era muito pobre, e trabalhando na cerâmica eu ganhava pouco, foi quando falei para meus pais que queria algo melhor, então, fui para a Capital do Líbano, Beirute, numa agência de viagens e falei pra eles que queria mudar de país. Sugeri ir para o Canadá, o agente me perguntou se eu tinha parente e eu disse que não, nisso, ele respondeu que não dava porque o governo não aceita. Ele me perguntou porque não o Brasil? O Brasil que é um lugar para pobre e para rico. Então decidi vir para o Brasil, na América do Sul. Havia dois tipos de viagens, uma no navio bom e outra no navio mais barato, de carga e passageiro. Optei pelo mais barato, que na época custou 300 dólares, meu pai vendeu umas vacas que tinha e me ajudou a pagar e no dia 7 de junho de 1951, iniciei minha viagem de 31 dias. Cheguei no Brasil no dia 8 de julho de 1951”.
A CHEGADA – “Quando cheguei, fiquei no Porto de Santos, sozinho, sem saber o que fazer, encostado num vagão de trem, pensando. De repente apareceu um senhor que já havia passado várias vezes pelo local e estava me observando. Ele se aproximou e começou a falar comigo, mas eu não entendia nada e nem ele me entendia falar em árabe. Então, ele pegou meu passaporte e fez sinal para entrar no taxi dele. Me levou até uma loja grande e falou com o dono para me ajudar; eu estava chorando muito e nisso, ele me deu comida e alguns conselhos e nem cobrou a viagem do taxi. O dono da loja me acolheu e falou que ali em Santos não tinha emprego, que eu tinha que ir até São Paulo, na 25 de março. O filho dele me levou até a capital e me deixou ali, no meio da rua 25. Achei dois rapazes conversando e pedi ajuda a eles, pedi emprego, eles também tinham acabado de chegar e me levaram até a pensão onde estavam. Fiquei na mesma pensão que eles e paguei antecipado para 1 mês, que era o dinheiro que eu tinha”.
APRENDENDO A FALAR PORTUGUÊS – “Tinha que aprender a falar para arrumar um serviço. Saí de loja em loja pedindo emprego e em uma loja grande de armarinhos tinha um senhor sentado e eu pedi serviço pra ele, que também era do Sul do Líbano e me deu uma oportunidade para trabalhar. Eu limpava a loja e fui conhecendo bastante gente, inclusive os vendedores. Depois de três meses de serviço meu patrão me chamou e disse que a partir de então eu iria ‘mascatear’ (vender). Encheu uma mala de armarinhos, me levou até a Estação da Luz e disse: você vai parar em uma cidade chamada Americana. E trem eu fui; lá, eu abria a mala na rua e vendi tudo em muito pouco tempo. Voltava para São Paulo só para acertar as vendas com o patrão. Fiz isso também em Limeira. E assim minha vida começou. Enchia a mala e saia vendendo nesse Estado todo e ganhava meu dinheiro; desta forma, se passaram 10 anos”.
MUDANÇA – “A convite de um patrício, fui morar em Araraquara e vinha pra Monte Alto os armarinhos, vendia muito aqui, principalmente de sábado. Tinha uma loja no bairro São Benedito que comprava meus produtos e fiquei muito amigo do patrão. Conversando, ele me disse que eu já tinha idade para ficar viajando muito, que eu devia morar na cidade e que iria me apresentar para uma moça, que era gente simples, mas gente boa. Comecei a paquerar a Cida e ela disse que não mudava por nada de Monte Alto, mas eu falei pra ele que eu mudava, então começamos a namorar e depois de uns seis meses nos casamos”.
IMÓVEIS – “Comprei uma casinha e nos mudamos pra lá, reformei ela e recebi uma proposta de compra. Eu não queria vender, não tinha outra casa para morar, mas a pessoa insistiu em comprar e dei um preço alto para não vender, mas mesmo assim ele comprou e eu ganhei muito dinheiro com a venda. Deus abriu o caminho para eu negociar mais. Comecei a comprar terreno, fazer e vender casas. Construí vários imóveis em Monte Alto”.
MERCEARIA PAULISTA Tânios e Madeu – “O Dorival Madeu trabalhava na farmácia do Seo Vicente e ele ficou sem serviço, foi então que o meu cunhado Alcides Iani e também cunhado do Dorival me procurou e ofereceu para comprar um armazém junto com o Dorival. Começamos a tocar o armazém e lá, trabalhei por dois anos; depois deixei para a mercearia para o Dorival e mudei de ramo”.
POSTO DE GASOLINA – “Um amigo de Araraquara me perguntou porque eu não montava um posto de gasolina. Eu já tinha a mercearia e não tinha como montar sozinho, precisava de alguém de confiança. Foi quando convidei meu cunhado e montamos um posto juntos, numa sociedade que existe até hoje. Montei o posto em um dos terrenos que adquiri, que era bom e de esquina, onde estamos até agora”.
LÍBANO – “Minha vontade era voltar para o Líbano para ver meus pais, mas não deu tempo. Visitei o país que nasci por quatro vezes. Sinto mais saudade do Brasil do que do Líbano, vivi 20 anos no Líbano e 65 anos aqui, onde trabalhei, construí minha família e venci”.
MENSAGEM – “Agradeço a Deus, em primeiro lugar, que me encaminhou e me fez migrar para essa terra maravilhosa e abençoada. Todo mundo que pretende trabalhar, Deus dá a mão. Espero de toda a mocidade do Brasil o trabalho, pois esta terra abençoada da frutos para quem trabalha”.