Ao longo da formação do povo brasileiro, as influências europeias contribuíram significativamente no quesito da nossa identidade cultural. Estas se deram na fala, nas vestimentas, na música e no comportamento. Os anglicismos, porém, entraram sem pedir licença à nação tupiniquim. Os estrangeirismos estão por toda parte, porque é mais bonito usarmos termos em inglês do que em português. Obviamente que esta influência está ligada aos avanços tecnológicos e à globalização. Entretanto, vangloriar uma cultura que não nos pertence e menosprezar a nossa brasilidade cultural é desrespeitar o nacionalismo de Oswald de Andrade e os precursores do modernismo brasileiro. “Tupi or not tupi, that is the question.” Não, nós não somos tupi. Não somos porque idolatramos uma abóbora com cara de mal ao invés de um saci-pererê. Não somos tupi, porque rejeitamos a nossa indústria cinematográfica e exaltamos tudo o que não fala português. Não somos tupi, porque não respeitamos a nossa música popular brasileira. Não somos tupi, porque sabemos mais da história de um país europeu do que a nossa própria história. Pasmem! Chega de morcegos, bruxas, aranhas e abóboras do mal. Foquem na brasilidade.
Foquem nas histórias das nossas vastas matas, nas lendas, no folclore. É tudo muito rico para uma sociedade pobre intelectualmente. A antropofagia de Oswald de Andrade perdeu o seu controle. A ideia de ingerir outras culturas para fortalecer a nossa passou dos limites. Estamos nos saciando de outras e enterrando a nossa. É muito provável que os modernistas estão se contorcendo em suas valas ao se depararem com tanta “ desnacionalidade” . O engraçado é que proíbem as vestes indígenas, mas a monstruosidade de um 31 de outubro está liberada. Ora, todo mundo gosta de uma história de terror, mas poucos sabem das lendas das matas brasileiras. Ou sabem e não se importam. Infelizmente, a escola tem dado mais importância no “ doce ou travessura” do que nas peripécias de um menino perneta que anda pelas matas brasileiras fazendo brincadeiras e travessuras.
