Muito mais que comida, elas também têm histórias interessantes a contar. Quer se apaixonar ainda mais por delícias como açaí, guaraná, mandioca e milho?
*Açaí: Há muito tempo atrás, na região da Floresta Amazônica que hoje é a atual cidade de Belém, existia uma tribo indígena que estava passando por sérias dificuldades para alimentar o seu povo. Diante da situação, o cacique Itaki decidiu solucionar esse problema por meio do sacrifício das crianças que nascessem daquele dia em diante, procurando, assim, evitar que faltassem alimentos aos mais velhos. Porém, a filha de Itaki, chamada Iaçã, deu à luz uma bela menininha que também não foi poupada dos sacrifícios. Devastada pela perda de sua filha e marcada por saudades, Iaçã pediu ao deus Tupã que orientasse seu pai a escolher outra forma que não envolvesse sacrificar crianças para não deixar sua tribo passar fome, sendo assim, certa noite Iaçã ouviu o choro de uma criança, e ao seguir o som, encontrou sua pequena filha perto de uma palmeira. Extasiada de felicidade, a índia foi ao encontro da menina, mas ao abraçá-la, a criança misteriosamente desapareceu. Desolada, Iaçã permaneceu ali até ser encontrada, pela manhã, desfalecida e abraçada à palmeira. Ainda assim, aparentava serenidade através de um sorriso nos lábios, e seus olhos se encontravam fixos em pequenas frutas escuras que se encontravam no alto da árvore, dessa forma, o cacique Itaki ordenou que pegassem aquelas frutinhas, descobrindo se tratar de uma fruta nutritiva que poderia ser uma boa fonte de sustento para o seu povo, anulando assim o sacrifício das crianças e pondo um fim ao problema de alimentação que enfrentavam. Diante disso, o Itaki homenageou a filha ao nomear a fruta de Açaí – que é Iaçã de trás para frente.
*Mandioca: A lenda da mandioca é de origem indígena. Em uma tribo indígena, conta-se que a filha do cacique ficou grávida, decepcionando seu pai que desejava que ela se casasse pura e com um guerreiro, e não que tivesse um filho de um desconhecido. Desolado, certa noite o cacique sonhou com a imagem de um homem que o dizia para acreditar em sua filha e a não puni-la, sendo assim, a jovem deu à luz uma bela menina de pele muito clara, nomeada Mani que era uma criança adorada pela tribo, despertando a admiração de todos pela sua alegria. Porém um dia Mani não acordou. Sua morte despertou extrema comoção na tribo, e sua mãe resolveu então enterrá-la na oca onde vivia. Como fazia todos os dias, a mãe regava a sepultura de Mani com água e lágrimas, até que passou a notar que havia algo estranho: uma planta desconhecida pelos índios passou a brotar no local. Tempos depois, o lugar da sepultura começou a apresentar rachaduras, e, espantada e admirada, a mãe resolveu cavar o local acreditando que sua filha poderia ter ganhado vida novamente, mas o que encontrou foram raízes grossas que eram marrom por fora e muito branca por dentro, lembrando a pequena Mani. Ao colherem a raiz, descobriram se tratar de um alimento capaz de saciar a fome de toda a tribo. Em forma de homenagem, nomearam como mandioca que significa Casa de Mani, nome que se originou da união de Mani mais oca local onde a pequena criança viveu.
*Guaraná: De acordo com o folclore amazônico, na tribo Maués existia um casal de índios que estavam casados por anos. Desejando completar a felicidade deles com um filho, o casal pediu ao deus Tupã para serem contemplados com o nascimento de uma criança. Tupã, sabendo que o casal era bondoso e querido pela tribo, resolveu atender ao pedido, agraciando-os com um belo menino, a criança cresceu e se tornou um garoto admirado por toda a tribo pela sua alegria, paz e serenidade. Todas essas características acabaram despertando a inveja de Jurupari, um espírito do mal e da escuridão. Um dia, o pequeno índio saiu para colher frutos na floresta. Como forma de vingança, Jurupari se aproveitou da situação para ir atrás do garoto, transformou-se em uma serpente venenosa e, com uma picada, levou a criança a morte. Os pais, ao notarem a demora do filho para voltar, pediram que os índios fossem atrás do menino na floresta. Ao encontrá-lo morto, a notícia rapidamente se espalhou, deixando a mãe e o pai desolados e tomados pela tristeza. No mesmo instante, começou uma tempestade com raios e trovões. A mãe entendeu que aquilo era uma mensagem de Tupã para que ela enterrasse os olhos de seu filho na terra para que ali nascesse uma saborosa fruta. E assim aconteceu, surgindo no local uma planta doce e que muito se assemelhava aos olhos de uma pessoa pela sua semente ser rodeada por uma película branca: o guaraná.
17*Milho: Reza a lenda que uma tribo indígena estava passando por dias difíceis em sua aldeia os rios estavam secos, matando os seus peixes, a caça se tornava cada vez mais complicada com os animais fugindo em busca de água, a terra seca por falta da chuva não permitia o crescimento das sementes, diante desse cenário de fome e tristeza, o chefe da tribo se sentiu na responsabilidade de trazer a alegria e dias melhores para seu povo. Sendo assim, o cacique resolveu dar a sua vida ao deus Tupã pela volta das chuvas, das caças, dos peixes nos rios, das sementes que germinariam da terra fértil. Dessa forma, o cacique deu sua vida pelo povo. Assim como havia ordenado, o chefe da tribo foi enterrado em um local tomado por uma planície quente e verde. Com o passar dos tempos, notaram que, naquele mesmo lugar, nascia uma planta forte, que continham espigas que se tornavam douradas à luz do sol, espalhando-se pela cova onde o cacique havia sido enterrado, ao colherem e se alimentarem das espigas, descobriram ser uma planta capaz de saciar a fome e trazer de volta a alegria a tribo. Ela foi nomeada então como “Auati”, nome do cacique, que daria origem ao milho, em português, uma planta que surgiu do sacrifício do cacique pelo seu povo.