Oh! Minas Gerais, quem te conhece chora em prantos, Oh! Minas Gerais. Tuas Terras que são altaneiras e este seu céu de puro anil, não é mais tão bonita, perdoe-me terra mineira que já não é a esperança do Brasil.
Tua lua não é mais prateada e nem ilumina o teu torrão. Há tanta lama nesta terra encantada que engoliu o orgulho da sua nação. Teus regatos já não enfeitam mais com ouro. Os teus rios carreiam lamas e não mais em diamantes. As lamas que castigaram o seu povo, derrubaram matas e penhas gigantes. Tuas montanhas vieram abaixo, junto com a sua pátria alcantil. Os téus pés estão sujos de lama e tão suja se encontra a bandeira do Brasil.
Oh! Minas Gerais, quem te conhece chora em prantos, Oh! Minas Gerais. Este teu fardo tão sebento que deixou sua pátria em prantos, de quem é a culpa, oh! Minas Gerais, para causar tanta dor e desatino no seu manto? De que vale a Vale se a não há valor em tuas terras, e nem há valia no seu povo que luta tanto para validar a dignidade, esta agora lavada em lamas, que a própria Vale nem se quer valida a responsabilidade de ter lavado o coração com lama das Minas gerais?
Lamas Gerais. Teu nome ecoará na dor do seu povo e no medo constante de suas barragens tóxicas que ameaçam o povo mineiro, que vive em desespero, e nas relvas ameaçadas pela lama derradeira. Lamas Gerais! Há tantos animais perdidos entre a sujeira da soberba, soterrados e presos em sua lama que a única opção perante todo esse drama é tirar a vida daqueles que não conseguem clamar por socorro e nem responder a voz de quem os chama. Lamas Gerais. Sangraram o coração do seu povo e sepultaram a sua vasta beleza natural. É irreversível o que fizeram banhar a alma com minério do mineiro que não pratica o mal.
De que vale um vale verde abastado de riqueza que agora resultou em vale de tristeza? De que vale seus verdes campos onde havia gado, cão e cavalo, hoje soterrados e presos e alagados de lama em seus gramados? Lamas Gerais. Suas lágrimas estão sujas e o seu corpo está incapaz. Há dias que tu choras em buscas de respostas e um pouco de paz. Não há mais. Não há a beleza que Drummond poetava quando versava sobre suas terras que hoje aqui jaz.
Ah! Minas Gerais! Não sei o que faz o teu povo a procura do filho perdido, do cão esquecido e da casa que não existe mais. Da palavra lama se forma a palavra alma, esta a única sobrevivente intitulada de desastres naturais.