O que há de errado nos filhos desta pátria que perderam o respeito com a docência? O erro é do sistema ou da família? Será a escola um depósito de criança? As famílias estão terceirizando a educação? Será que o período de férias dos nossos alunos é o pior período na vida dos pais? Porque somos o país que mais sofre com a indisciplina na sala de aula? Porque o professor leva mais tempo colocando a sala em ordem do que lecionando? Porque os alunos não respeitam o professor? Porque durante uma explicação não há o devido respeito dos alunos? Porque eles insistem no vocabulário chulo e de baixo calão mesmo sabendo que a sala de aula é um ambiente de respeito com os colegas e principalmente com o professor? Onde está o erro? Poderíamos gastar mais de uma lauda para questionar os problemas que o professor se depara no dia a dia do seu trabalho. Estes que vem aumentando a cada dia e a cada geração é uma nova surpresa. O lamentável de tudo isso é que a culpa sempre cai na docência. É claro que temos alguns profissionais que estão na profissão errada por não saber o verdadeiro espírito da arte de lecionar. Estão ali por dinheiro e não pelo amor em exercer a profissão. Mas há muitos que tem o professorado esculpido na alma. Esses sim merecem o devido valor. Estes profissionais encaram os problemas naturalmente porque sabem que há uma nítida inversão de valores. Ficar debatendo esses fatos é dar murro em ponta de faca. Fala-se em melhorias e projetos pedagógicos para aliviar a tensão que o professor sofre na sala de aula, mas nunca são concretizadas. Projetos, projetos e projetos. Todo ano é a mesma coisa. Jogam uma pilha desses nas costas do professor e não conseguem elaborar um que visa à melhoria do ambiente na sala de aula. A melhoria que falo é a questão do comportamento. O professor é responsável pela sala, mas não é responsável em educar os discentes. Não há uma matéria intitulada de indisciplina. Isso vem de casa. Como vamos ensinar se primeiramente temos que educar? Fica difícil. O aluno vai à escola para aprender sobre a cidadania, cultura, ética e as matérias impostas pelo currículo. Mas quando ele chega, esquece-se do princípio de todos esses fatores – educação e respeito. Há uma diferença muito grande entre educação escolar e familiar. A escola ensina para a vida e prepara o aluno para conquistar seus objetivos profissionais através do estudo. A família educa para a escola. Sim, exclusivamente para a escola. Os pais não podem mandar os filhos para essas entidades educacionais sem conscientizá-lo sobre o respeito que ele deve assumir em relação aos colegas e principalmente com o professor. Achar que esse tipo de conscientização é função da docência, há um regresso educacional preocupante nessas famílias. Escola e família tem que caminhar juntas. E não adianta os pais participarem ativamente das festas, jogos, ações sociais se estes não participam da reunião de pais. O acompanhamento é diário e constante. O diálogo é de extrema importância. Culpar o sistema pela má educação seria uma hipocrisia daqueles que não acompanham o desenvolvimento do filho na escola. Não podemos condenar o sistema, a entidade e o professor se não participamos efetivamente na vida escolar dos nossos filhos. O professor fica a mercê de todos esses problemas. Se o aluno vai mal, a culpa é do professor. Toda a negatividade que ronda a educação cai sobre a docência. E nós professores sabemos que não é assim. Não adianta cobrar educação dos nossos alunos se eles não a têm na própria casa. Não adiantar chamar a atenção em relação ao vocabulário chulo se o uso deste linguajar predomina na vida dessas crianças. Não adianta cobrar respeito se este não há na família dos nossos discentes. Nós professores além de querermos a valorização da profissão, ainda sonhamos o dia que entraremos numa sala de aula para um único objetivo – ensinar. Sonhamos o dia em que os pais ficarão mais presentes na vida educacional dos nossos alunos para juntos construir uma educação de qualidade. Sonhamos o dia em que a voz será ouvida apenas para participar da aula e acrescentar conhecimento no assunto abordado. Sonhamos um dia em que todos os alunos batam na porta para entrar e profiram a célebre frase – Posso entrar professor? – ou até mesmo – Com licença professor! Sonhamos um dia não levantar mais os questionamentos citados anteriormente a fim de não ficar procurando o culpado da má qualidade do ensino. Sonhamos sempre numa educação onde há um amálgama positivo de escola, família e docência. Quando os nossos sonhos se concretizarem, ao sairmos da sala de aula veremos um país desenvolvido e habitável para que outros filhos possam desfrutá-lo em consequência de tudo aquilo que sonhamos um dia.