Deus me concedeu três coisas que são muito desvalorizadas no Brasil: a docência, a escrita e a música popular brasileira. Não o culpo por isso. Na verdade eu o agradeço, pois não sou nada sem a prática desses três ofícios. Não me traz o retorno financeiro que preciso, mas o reconhecimento daqueles que reconhecem este dom desenhado pelo poder supremo, já é um motivo de enxergá-los com muita positividade. Isto nos move sempre à frente, porque há pessoas que sabem e entendem que não é um caminho fácil. Ainda mais quando ele é feito solitariamente. Ele é solitário, mas também é solidário. E quem enxerga a dificuldade que temos que seguir nesta vereda é somente aquele que entende o quanto ele é árduo e inconquistável.
Digo isto porque somos um dos piores países nos quesitos da leitura e da educação. Exceto a música popular que ao longo do tempo, felizmente, desceu o morro e conquistou os salões pelo mundo afora. No campo das letras, no qual tenho me destacado e elevado o nome da nossa querida Monte Alto, nada mais justo ser reconhecido pela figura de um amigo e colega de trabalho. Não quero aqui fazer política no âmbito da cultura, até porque ela mesma não reconheceu até agora todas essas conquistas. Devo sim valorizar aqueles que sabem o quanto é difícil propagá-la solitariamente. A você, meu amigo, fica a minha gratidão pelo reconhecimento. Este que não causou balburdia e nem alegria daqueles que propagam o que chamamos de cultura em sonhadas terras de Porfírio. Mesmo assim, continuo sonhando, como fez o fundador, assim como você tem os seus sonhos em melhorá-la.
Sabemos que os antagonistas são inúmeros, porém, maior que esse número de cólera, são os nossos objetivos e anseios de fazê-la ascender nos quesitos que a sociedade acha que somos incapazes. É assim que se trilha um caminho. Quando somos desacreditados pelo sistema, o maior argumento de se provar o contrário é agir em silêncio e confiar apenas naqueles que possuem a visão positiva no trabalho que fazemos. E assim se vai trilhando a esperança de dias melhores na companhia de pessoas sonhadoras e perseverantes.
O vento, a tempestade e as pedras no caminho sempre existirão, pois não há sucesso sem antes sermos derrubados pelos acontecimentos naturais que a vida nos impõe. O que se contempla depois de toda luta contra as questões divinas impostas em nossas vidas são as salvas de palmas que a plateia nos dará. Aquela mesma que não nos estendeu a mão e nem nos aplaudiu quando mais precisávamos de apoio. Você, meu amigo, sempre terá os meus aplausos e a minha gratidão.