Para uma pipa subir, a armação é fundamental para que ela ascenda com facilidade. Se um lado ficar maior que o outro, ela se penderá do lado que foi mal calculado. Assim são os filhos. Se não soubermos educá-los, eles poderão se pender para um caminho que nunca esperamos que eles seguissem. Quando encapamos uma pipa, temos todo o cuidado com a sua estética e principalmente para que não fure e nem rasgue. Assim são os filhos. Se não tivermos cuidado na sua criação e educação, não podemos nos queixar sobre o porquê que não conseguem o sucesso que tanto queríamos. Uma pipa sem a rabiola não tem o devido equilíbrio para subir aos céus. Ela fica girando com a força do vento e não chega a lugar algum. Assim são os filhos. Se não passarmos a segurança, atenção e o equilíbrio de que necessitam em dias de sofreguidão, não estaremos ensinando-os para as dificuldades que a vida coloca em vosso caminho. Isso fará com que os pensamentos e os embaraços girem em torno de si deixando-os como uma pipa que sobe ao céu sem a rabiola. Para que a pipa possa subir, ela precisa de muito vento. Assim são os filhos. Para poderem voar sozinhos, eles não precisam de asas, mas sim de amor. O vento eleva a pipa aos céus com toda a força do seu amor. E essa função também é nossa. Para que os nossos filhos possam atingir o azul celeste, os sonhos e as ambições, é necessário que se sopre todo o nosso sentimento de pai para que possamos enfim vê-los ascender onde não mais podemos tocar. Quando a pipa atinge o ponto que gostaríamos, quando percebemos que a linha está bem forte e esticada, o que fazemos é continuar soltando-a sem saber qual limite que ela alcançará. Muitas vezes acabamos perdendo-a devido à força do vento ou porque nos esquecemos de dar o nó na lata em que a linha estava enrolada. Assim são os filhos. Quanto mais damos corda achando que estamos educando-os corretamente, mais eles se perderão das nossas mãos. E quando nos damos conta, não há mais tempo de tentar consertar o erro que tivemos em dar tanta liberdade visando apenas um sorriso no rosto. A linha não estava enrolada; a pipa se perderá nos céus que achamos que um dia os nossos filhos iriam brilhar. A linha enrolada tem um limite; os filhos também. Não é porque o vento está forte que devemos continuar a soltar a linha; não é porque amamos incondicionalmente os nossos filhos que vamos fazer todos os seus gostos. Para a pipa, o céu tem limite; se a linha se quebrar ela cairá. Assim são os nossos filhos; se não apontarmos o certo e o errado, eles se perderão nos céus que um dia sonhamos que os nossos filhos fossem voar.
(Dedico este artigo ao professor José Augusto Pinheiro)