Todo ano político, uma das pautas mais discutidas entre os candidatos é a educação. Projetos milagrosos, preocupação com o professor e com a qualidade do ensino são os assuntos mais pautados entre aqueles que querem governar. Sempre foi assim e assim sempre será. Os discursos políticos centrados em falácias não seduzem mais. Foi-se o tempo da fala persuasiva dos políticos. Felizmente, a sociedade já não se deixa mais seduzir pela retórica dos candidatos, porque sabem que no quesito educação, a verborragia não convence um povo preocupado com a pilar desta nação.
De quatro em quatro anos, independente do tipo de eleição, os projetos de melhoria entram e saem dos papéis. Há tantas loucuras pautadas por pessoas que desconhecem a realidade da sala de aula que a escola já não acredita mais em projetos políticos voltados à educação. Aliás, ela sempre foi primordial nos discursos, mas nunca concretizada politicamente. E quando colocam projetos em prática, é um fracasso. Darcy Ribeiro, grande antropólogo, historiador e escritor brasileiro, já dizia que “A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto.” Assim como não temos um projeto de nação, obviamente não conseguiremos um projeto para a educação.
É preciso traçar um objetivo: vamos educar para nossas crianças saberem ler e escrever ou vamos educar para formar cidadãos que refletem, que questionam e que saibam ocupar um lugar na sociedade? Vamos educar para o voto ou para a vida? Qual é a finalidade do professor? Qual é a postura que o gestor deve ter ? A escola é democrática ou autoritária? Continuaremos com a burocratização ou focaremos no aspecto pedagógico? As pautas são muitas, mas a sapiência para falar sobre elas cabe apenas ao professor/gestor que vive esta realidade. Eles, os candidatos, precisam ouvir corpo docente e gestores. E este mesmo corpo docente/gestor precisa parar de levantar bandeira para partidos e pensar no bem comum da escola, não em suas ideologias.
Falar de educação é fácil e dá muito ibope. Todos sabem da importância desta pauta. Estamos muito longe de uma qualidade no setor. Se realmente querem falar sobre, é preciso valorizar o profissional da área. A escola está perdendo professores. Crianças não brincam mais de escolinha. O brilho tem se apagado lentamente. E ela, a escola, continua na boca dos encantadores de serpente.