As redes sociais são mundos que as pessoas se refugiam para viver uma falsa vida e fazem questão de demonstrarem esta vida utópica para aqueles que as acompanham.
É um mundo solitário. Dá-nos a impressão de que estamos sempre rodeados de pessoas que queremos ter por perto, mas a sensação que temos quando nos desligamos deste falso mundo é de uma solidão infinda. É como acordar no meio do nada. É estar sozinho numa página em branco sem ter caminhos para percorrer.
A falsa ilusão de ser bem quisto pelas redes sociais levam, também, à pseudossapiência e a uma vida que não se vive. Vejo, em muitos casos, pessoas levantando bandeiras que não fazem parte do seu cotidiano, da sua realidade e do projeto de vida. Refiro-me aqui às questões da leitura. Não é coerente uma pessoa que faz uma postagem de fotos e jogos/brincadeiras em redes sociais de hora em hora, e depois corre para defender a importância da leitura.
Quando falo em incoerência nesta questão, é porque os verdadeiros leitores não ficam presos no mundo virtual. Eles aproveitam o máximo do seu tempo para desbravarem o mundo dos livros. É um vício. Quando ele, o vício, é manifestado no ser, não há tempo para se perder em assuntos banais. O leitor é justo com o seu tempo. Ele se culpa do seu tempo desperdiçado.
O mundo virtual só lhe é interessante quando há uma necessidade de pesquisar promoções de livros. Este é o seu maior investimento. Mesmo que sejam mundos diferentes, o do leitor e do “facebuquiano”, aquele consegue discernir a realidade que vive da fantasia do mundo que ele entra quando lê um romance; este vive apenas de uma falsa vida acoplada de filtros em fotos e desabafo da sua vida íntima para os demais seguidores. Isto é o que satisfaz.
O leitor ama a solidão, pois este é o momento em que ele degusta do mundo que fica em sua cabeça até o término da leitura. O “facebuquiano” percebe a solidão quando a internet cai. O leitor consegue argumentar sobre todos os assuntos; o “facebuquiano” propaga “ fake News”. O leitor ama a língua materna – preferencialmente a norma culta – e rejeita os estrangeirismos; o “facebuquiano” só escreve abreviado, não conhece Machado de Assis e posta frases em outras línguas que nem mesmo ele entende o seu significado. O leitor, quando faz uma boa ação, guarda o momento somente para ele desfrutar; o “facebuquiano” tira foto e faz questão de postar em seu perfil. Às vezes, absurdamente, faz transmissão ao vivo do ato.
São mundos totalmente diferentes. São tipos de pessoas que nasceram com a ascensão da internet e redes sociais. Um pode te levar à ignorância; o outro pode te levar cada vez mais longe desta mesma ignorância. Quem é você, leitor ou “facebuquiano”?