Como dar razão a um personagem em 1ª pessoa que conta sobre a história de sua vida? Conforme foi dito na publicação anterior, Capitu não teve voz neste romance machadiano intitulado “Dom Casmurro”. Não teve nenhum capítulo para argumentar com os leitores que a julgam infiel. Trata-se de uma obra emblemática que levantará tais questionamentos para todo o sempre. Basta você, querido leitor, debruçar nas características que aparecem no decorrer da narrativa. Trace os dados de personalidade, as condutas e as relações sociais que Capitu tinha no decorrer da obra.
Um dia eu escrevi:
Eu, a Capitu
Não penses tu, querido leitor,
Que Bentinho foi um bento
E que nenhum seminário
Fê-lo santo.
Aquele casmurro
( louco)
Amou-se exacerbadamente
Ao ponto de duvidar do sentimento
Que tive ( já não tenho mais )
Como esposa, mãe e amante.
E eu aqui, ao lado de um Brás Cubas
Discuto a possessão deste Santiago
Exaltado por tu, caro leitor,
Que duvida da minha índole
Numa narrativa que não tive voz.
Mas assim é e sempre será.
E eu percebo deste lado
Esta sociedade sempre hipócrita
Descrita e analisada pelo Sr. Machado
Escrevi e passei uma atividade para os meus alunos do 2ª colegial para que defendessem Capitu. Os alunos Akio Otani, Maria Fernanda Sieto e Vitor Croti dissertaram:
“Não é possível afirmar que Capitu traiu Bentinho, já que a história retrata apenas a visão do protagonista. Consultando a narrativa, é notório que Capitu não teve chance de se defender e tudo foi mostrado pelos olhos distorcidos de possessão e ciúmes excessivo de Bentinho. O amor e a paixão exacerbados dele por ela o deixou cego, fazendo com que ele enxergasse uma suposta traição.
Portanto, é possível concluir que Bentinho não estava sendo completamente racional quando narra a história. A exemplo disso, temos a passagem em que ele se enche de ciúmes pelo o que podia estar passando dentro da cabeça de Capitu que fez com que ela não prestasse atenção no que ele dizia enquanto olhava para o mar.”
E tu, querido leitor, já tirou as suas conclusões sobre a obra?