Todo ano é a mesma coisa. O mesmo resultado negativo. Os mesmos problemas. As mesmas notas baixas. A mesma discrepância entre a maior nota e a menor.
Mais uma vez o Exame Nacional do Ensino Médio provou que não está para brincadeira. Apenas 53 candidatos conseguiram a nota máxima na redação, enquanto 309.157 participantes receberam a nota zero, segundo dados do Inep.
Os motivos foram muitos, mas a fuga ao tema teve uma maior porcentagem em relação aos demais problemas: 5,01%. Toda essa negatividade tem muito a ver com a questão que se martela por aqui semanalmente; falta de leitura. Se há falta de leitura, há falta do conhecimento do código linguístico; há falta de bagagem cultural dos candidatos. Sem contar aqueles 0,80% que entregam em branco.
Como argumentar algo que não se conhece? Como defender uma tese e dar uma solução para o problema para aquilo que não faz parte da bagagem cultural? Como usar citações, exemplos e dados estatísticos sobre um assunto que foge da realidade de mundo dos candidatos? Pois bem, impossível. Não há argumentação sem leitura.
Toda a teoria de um texto dissertativo-argumentativo – gênero cobrado no Enem – não circula apenas na sua estrutura básica: introdução, desenvolvimento e conclusão, mas sim de como coordenar as ideias e planejar as palavras dentro desta estrutura.
A escola ensina a fórmula pronta, porém se os ingredientes usados não forem bem conectados, aquela não servirá para nada. Estar antenado sobre as principais causas de todos os setores é uma garantia de desenvolver um texto coeso. Saber explanar sobre o problema abordado, usar dados que confirmam uma tese e dar uma solução para o problema, é o sucesso de um bom redator. Isto só acontecerá a partir do momento em que as escolas, ao invés de ensinar a fórmula pronta, também ensinassem a importância da leitura e de acompanhar a realidade hodierna pelo mundo afora em todos os campos do conhecimento.
Esta discrepância entre nota máxima e a nota zero, só será diminuída a partir do momento que tivermos bons leitores que consigam explanar suas vivencias de mundo. Caso contrário, teremos mais um ano de baixa nas notas e nos daremos conta da estagnação de candidatos que não conseguiram evoluir.