Chega determinada hora que nós professores temos algumas digressões sobre a nossa profissão. Até quando vale a pena os nossos esforços que não são condizentes com a dos discentes? Será mesmo que vale a pena passar horas trabalhando em casa a fim de que possamos ministrar uma boa aula?
Chega certa época do ano que estas reflexões começam a nos assombrar. É a sensação de esgotamento. Não conseguimos mais forças para poder continuar a fazer um bom trabalho. Tudo parece estar contra os nossos anseios e desejos perante a educação de qualidade. Há colegas de profissão que estão afastados da sala de aula. Quem perde é sempre o aluno, pois quando o titular os deixa, há uma quebra da linearidade de trabalho do professor. E por muitas vezes, quem assume, não consegue desenvolvê-lo na mesma intensidade. O projeto fica prejudicado. Não é porque queremos abandonar o ofício, mas sim, descansar a alma para que ela possa se renovar.
Há muitas falácias sobre as férias dos professores. Dizem que somos privilegiados, e os mais radicais acham que ganhamos muito por termos duas no ano. Entretanto, ninguém enxerga o tanto de trabalho que levamos à casa. Ninguém vê a quantidade de horas que nos dedicamos em provas, correções, planejamento, preparação de aula, etc. Trabalhamos mais dentro do nosso lar do que na própria escola.
Fico com pena dos colegas que têm dupla jornada. Aqueles que pegam pista para trabalhar em várias cidades. Às vezes se deslocam para lecionar não mais que cinco aulas. Estes são os verdadeiros guerreiros. Colocam a vida em risco para poder sustentar a família. Sabem que não podem se deixar levar pelo cansaço e muito menos perder para o esgotamento.
A docência vai tomando este rumo. Enquanto a profissão não for bem remunerada, os bons professores irão se cansar de lutar contra um sistema que não o enxerga. A consequência disso é que o corpo docente irá diminuir. A escassez é nítida . O correto era trabalharmos em apenas uma escola para que o nosso trabalho flua de acordo com o nosso planejamento anual.
Enquanto isso não acontece, vamos lutando contra o cansaço e a pressão diária. Mantemo-nos as pálpebras abertas com o olhar focado no futuro dos nossos alunos. Embora alguns não valorizam o trabalho feito, há aqueles que nos enxergam esperança. Quando mudamos a vida de alguém, este pode ser eternamente grato pela mudança. Quem sabe, lá na frente, este alguém que demos esperança não pode olhar para a nossa situação e mudar de vez o mundo de esgotamento que vivemos. Quem sabe!
