E lá vai ele. Com toda pressa. Voando. Sobrevoando. Correndo. E lá vai ele para mais uma batalha. Está carregado de armas que geram conhecimento sem contar o já adquirido. Lá vai ele. Na luta e labuta. Mal dormiu e está de pé novamente. Lá vai ele. Mal se alimentou para encarar mais um dia de luta. Vai voando. Correndo todos os perigos possíveis que um herói enfrentaria. Faz dias que não vê a sua família. Faz dias que não consegue colocar o filho para dormir. Faz dias que não consegue dar atenção aos amigos. Seu único companheiro é o livro. Este que o faz colocar na estrada e seguir adiante no pressuposto de tentar melhorar aquilo que está piorando. Quando realmente está em casa, trabalha. Provas, tarefas e correções o consomem. Consomem o seu tempo precioso. A cabeça dói. A cobrança é grande. Suas vistas estão prejudicadas de tanto forçá-las. Quando chega a hora de descansar – Triiiiiiiiiiiim. É o grito de socorro. É mais um dia que se começa para trabalhar como herói. É o grito da clemência por uma educação melhor. E lá vai ele. Voando. Sobrevoando. Correndo. Correndo os riscos que todo herói corre quando o único objetivo é salvar. Salvar os filhos da pátria amada ou dar o mínimo de conhecimento para a construção da cidadania. Não há luta mais sanguinária do que se lutar por um propósito que resolva os problemas de uma nação. O herói sofre. Sofre por saber que às vezes a luta é vã. Sofre por saber que a família não se importa com a educação dos filhos. Sofre em saber que independente do que ele faça, continua pertencendo a uma classe desvalorizada. Mas a luta é árdua. Sua única motivação são os frutos colhidos. Doces frutos. É por isso que ainda persiste na luta. Persiste, insiste e acredita que ele consiga fazer a diferença. Seus ensinamentos são de louvores. São esperanças. Esperanças de se construir um país melhor através da sua visão positiva sobre a educação. Lá vai ele. Voando. Sobrevoando. Correndo. Faz do seu dia a dia uma batalha onde o inimigo é o próprio povo no qual ele transmite sua sapiência. Estes que ainda não abriram os olhos para perceber o tamanho da sua importância perante a um país em desenvolvimento. Não abriram os olhos para perceberem o quanto a docência vem pedindo clemência por um salário digno e melhores condições de trabalho. Mesmo assim, lá vem ele. Correndo, voando, sobrevoando de um lado para o outro a fim de manter a sua sobrevivência trabalhando em várias escolas e às vezes em várias cidades. É um pássaro? É um avião? Não, é um professor.