É preciso falar sobre as guerras

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O mundo não aprendeu com as guerras anteriores. Não percebeu que muitas das vítimas são pessoas que não entendem o porquê de tanta destruição. As crianças não têm maturidade para explanar sobre as bombas que explodem, os tiros que matam, os aviões que atacam e os ditadores que insistem no conflito bélico. Não entendem da orfandade precoce. A guerra é uma disputa de velhos interesses onde jovens dão a vida para provar qual lado é o mais forte, enquanto velhos políticos degustam bebidas envelhecidas para decidirem a quantidade de jovens que serão enviados aos campos de batalha. “Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.

Dentro deste cenário, as crianças tupiniquins temem ao saber que esta guerra no Leste Europeu possa chegar ao nosso país. Temem que pais e irmãos sejam deslocados para lutarem numa guerra que não é nossa. O papel de pais e professores neste momento não é falar apenas sobre a guerra e suas consequências, mas sim explanar a importância da diplomacia para que as futuras gerações percebam que a paz se tece no diálogo e não se digladiando. Erramos ao não falar da grande Primeira Guerra e da barbárie do holocausto. Isso não se deve aprender apenas na escola. Pais e professores devem abordar sempre o ódio da humanidade para que nossas crianças cresçam sabendo do que o ser humano é capaz. É preciso lapidar a mente pueril para criarmos adultos conscientes.

É preciso falar sobre os ataques de Hiroshima e Nagasaki e do poder avassalador que as bombas atômicas causam na humanidade. Falem sobre os ataques de Pearl Harbor, da Guerra Fria, dos conflitos no Oriente Médio, das lutas pela Independência dos países africanos, das guerras do tráfico. Expliquem com ludicidade. Usem os jogos de videogame, ilustrações, fotos e filmes. Comecem a falar sobre a fome e que não se deve desperdiçar os alimentos. Nossas crianças precisam ser chocadas para se tornarem adultos fortes. Precisam saber do que um individuo com poder é capaz de causar. Precisam saber que existe um mundo fora das telas do celular e que ele pode ser destruído através de um sim de cinco grandes potencias bélicas. A vida nem sempre será bela. Não podemos agir sempre com um Guido – de A vida é bela – para ofuscar a maldade humana e criar um mundo de fantasia perante tanta destruição. Lapidem e teçam. O futuro deste habitat está nas mãos dos nossos filhos e alunos. Que eles possam crescer sabendo que as guerras são inúteis e que o diálogo é o único caminho para vivermos em paz e harmonia.

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