Ao longo deste período eleitoral efervescente, vi muitas manifestações de artistas, professores e intelectuais se posicionando para um dos lados da política.
O sentimento ideológico, às vezes exacerbado e extremista, fez-me pensar algumas coisas sobre todo esse envolvimento: para ser professor e artista é preciso e necessário que se penda, politicamente, para um dos lados? Que eu saiba não existe nenhuma cartilha que impõe esta posição para artista e professores. Há aqueles que se prendem ao fator histórico dizendo que os grandes nomes da arte e da cultura eram adeptos a partidos.
Não há uma carta magna dizendo isso e aquilo. Não sei de onde vieram com a ideia de que temos que ser politizados. É claro que a política habita em nós. A partir do momento que dizemos que não gostamos de política, já estamos fazendo parte dela. O fato de não gostar é porque há um pensamento crítico sobre. Todo escritor tem um senso crítico sobre a sociedade. É partir desta análise crítica que se nasce uma obra literária, mas não que ele seja apartidário. Estereotiparam este tipo de profissional. Convenhamos: a arte existe para expor os demônios, mostrar a realidade, fazer uma crítica em todos os seus campos; a docência vai muito além da postura de um professor.
Estamos lá para ensinar as matérias, construir um senso crítico, humanitário e social. Não politizem esses campos. Deixem que eles se manifestem livremente sem apontar ou deduzir o lado político. Já que vivemos numa democracia, todo profissional ligado à arte, cultura e educação tem que ser respeitado politicamente (difícil dizer isso atuando num país que ocupa a última posição em termos de valorização do professor).
Ninguém é melhor ou pior por pensar diferente. Temos que andar pelo correto, fazer as coisas caminharem e funcionarem para que estes campos sejam valorizados. É preciso caminhar contra o sistema que nos impõe. Porém, não seremos dignos de manifestar se não fizermos o nosso trabalho como deve ser feito. Torna-se hipocrisia. Infelizmente, há extremistas e acéticos que não enxergam e não aceitam outros pensamentos. Digo isto me referindo à docência. Há profissionais que estão mais engajados politicamente do que a própria função de ser professor.
Parem com isso! Ninguém é obrigado a viver com o seu ódio. Respeite o professor e o artista que pensa diferente. Afinal, o pensar diferente faz da humanidade o que ela é. Há grupos de intelectuais que vivem querendo impor suas ideologias na sociedade. Isso é chato. Desnecessário. Arte e cultura pertencem ao povo e não as suas ideologias. Quer pregar política? Filie-se a um partido de sua preferência e explane sobre o que pensa para aqueles que pensam iguais a ti.
