Ditão Marciano: um dos últimos Peões de Boiadeiro

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Hoje nossa coluna vai ser especial, não que as outras não sejam, porém, vamos falar de um verdadeiro peão de boiadeiro, um dos poucos que ainda vive em nossa região e na cidade de Monte Alto. Seu nome Benedito Aparecido Marciano da Silva, o Ditão, como é conhecido.

Profissão Peão – Os tempos mudaram, veio progresso e com ele, o asfalto. Os caminhões chegando tomando conta das estradas, e de repente, o Carrero não mais vai e não mais vem. Foi então que Ditão se viu obrigado a largar o estradão e sair em busca de outra profissão. Trabalhou como pedreiro por anos, em vários lugares, inclusive na Prefeitura de Monte Alto até se aposentar. Hoje, o peão recebeu nossa reportagem para contar um pouco de sua marcante e saudosa história.

Aparecido Benedito Marciano da Silva nasceu em Taiaçu no dia 13 de maio de 1933, filho de Marciano da Silva Filho e Maria das Dores Rangel Silva. “Faço questão de frisar que nasci no dia de Nossa Senhora de Fátima, por isso, tenho certeza da sua proteção por toda minha vida. Nos momentos fáceis e difíceis. Quando peão de boiadeiro, carregava a imagem dela na minha cabeça em baixo do chapéu.

Vida de Peão – “Comecei muito cedo, tinha 15 para 16 anos. Pedi ao meu pai, e ele deixou e então, comprei minha primeira guaiaca. Naquele tempo o moço com 16 anos já era homem formado fazia de tudo. Não tinha a lei que tem hoje, que quem tem 15 anos não pode trabalhar. Hoje, infelizmente, muitos assaltam, matam, usam drogas a vontade, destroem famílias… e ficam impunes.
Continuando minha história, comecei como tropeiro, nos anos 40; era maravilhoso, a gente pegava gado em toda a região e levávamos para Taiaçú, e de lá formávamos a tropa e saiamos por este mundo afora. Aqui em Monte Alto, pegávamos gado do Cosmo Inforçatti e do Zé Pizzarro.
Em Taiaçú juntávamos as tropas e dividíamos para São Paulo e Minas. O gado já estava vendido, era tudo pago em dinheiro. Os fazendeiros já haviam negociado, nossa função era apenas entregar os animais sãos e salvos, sem faltar uma cabeça”.

A função dos cavalos e dos burros nas comitivas – “ O pessoal confunde tudo. Os cavalos tinham a função de levar os mantimentos para os cozinheiros, quem realmente levava os peões eram os burros”.

Pontos de Parada para o gado descansar e a para a comitiva dormir – “Existiam os locais já determinados pelas comitivas para parar e dormir. O cozinheiro ia na frente, chegavam nestes lugares já preparavam o almoço ou jantar. A comida era à base de feijão gordo, paçoca de carne (carne pisada no pilão com farinha), queima do alho”.

Nos anos quarenta era Araçatuba e não Barretos o reduto dos Peões – “Hoje é Barretos, claro! Mas nos anos 40, quando se fala em peão, era para Araçatuba e Penápolis que se dirigiam as maiores comitivas. Chegamos a entregar oitocentas cabeças naquela região”.

A função do Ponteio – “O ponteio era o primeiro a levantar, pegava o berrante e chamava a boiada, aliás, eu também fui ponteio. Ai vinha o contador, ele tinha que ser bom porque nos contávamos a boiada já andando. Ele chegava e conferia a boiada quando a gente levantava para seguir viagem; depois que entregávamos a boiada, os fazendeiros iam receber em dinheiro. Alguns peões voltavam com eles de carro e outros traziam os animais de volta, os burros e os cavalos”.

As touradas – “O que eu acho engraçado é que se fala muito nas festas de Peão e não fala sobre as touradas, que foram trazidas para o Brasil pelos portugueses. Só para você ter uma ideia, Alencar, elas tinha sido proibidas nos grandes centros, só que aqui no interior era o que mais tinha.
Eu mesmo fui toureiro. Quando começou a festa do Peão no começo dos anos 50 em Barretos, tinha as montarias e as touradas e o pessoal lotava mais o local das touradas”.

As currutelas – Perguntado sobre as currutelas, meio sem jeito, Ditão olha para a esposa na sala e diz “eram locais onde a boiada passava, tinha as meninas e o pessoal ia se divertir a noite. Havia as moças que ficavam na janela vendo a boiada passar, deu namoro e até casamento entre as mocinhas das currutelas e Peão errante (risos)”.

Anos 50: o começo do fim das comitivas – “Tudo se transforma. Hoje você pode ver quantos cortadores de cana foram substituídos por máquinas, assim fomos nós, os peões, substituídos pelos os caminhões”.

Os casamentos – “Ditão disse que não queria casar por que não queria deixar a vida de boiadeiro. Casou-se pela primeira vez com Tereza Marciano com quem teve um filho, Carlão. Depois não deu certo o casamento e mudou-se para Monte Alto e aqui casou-se pela segunda vez, com Maria Eunice da Silva, com quem está casado até hoje, tem duas enteadas, Leandra e Fabrícia, a filha Lilian e dois netos.
Trabalhou na Prefeitura até se aposentar. “Me aposentei como pedreiro, profissão que escolhi depois de boiadeiro. Mais tenho saudade da boiada, da chuva e da poeira no estradão”.

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