Diários de Bicicleta

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Semana 3

 

 

Já posso sentir o cheiro da aventura que eu realmente busco! Essa semana dei o meu primeiro passo em direção ao desconhecido, à falta de conforto, de luz, de estrutura. Finalmente cheguei num lugar sem saber o que iria acontecer, sem nada combinado. Finalmente estreei a minha linda barraquinha, meu fogareiro, minha lanterna e minha blusa de frio!

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Depois dos dois dias em Marilândia do Sul, onde resolvi ficar pra conhecer o Castelo El-Dourado, que por sinal, muito me encantou, continuei viagem na companhia do Henrique Camini, que pedalou comigo 90km, em dois dias.  O combinado seria pedalar tudo isso em apenas um dia, mas já que eu estava bem acompanhado, propus a ele dividir esses 90km em dois dias, fazendo uma parada na Serra do Cadeado. “Camini, vamos acampar no meio do mato?”. Vamos. Pedalamos até Mauá da Serra, compramos macarrão e vinho, colocamos na bagagem e seguimos até o pé da serra. Almoçamos num restaurante beira de estrada, tomamos um banho na bica, enchemos três  garrafas d’água e começamos a subida. Uma hora até chegar lá em cima, caminhando e empurrando a bike com as tralhas. Chegamos gritando, pra variar, um pouco extasiados com o que estava acontecendo, aquele lugar é lindo e uma noite ali seria uma experiência única, e foi. Ficamos ali, sentados com os pés balançando no penhasco, assistindo as duas chuvas que aconteciam a nossa frente, uma de cada lado do horizonte, e o melhor de tudo, um arco-íris no meio delas. Cozinhamos o macarrão, usamos a garrafa como travessa, tomamos o vinho e dormimos depois de muita risada!

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Acordamos com um dia lindo e um vento que fazia barulho. Arrumamos tudo, escovamos os dentes com a água que sobrou e voltamos pra pista. Mais um banho de bica e pé na estrada. Pedalamos mais 40km até chegar em Ortigueira, onde me despedi do Camini, que pegou uma carona com um caminhão até Mauá da Serra (Muito obrigado meu irmão, foi lindo, ficou pra história). Segui viagem, foram 100km até Caetano Mendes, uma vila de 2000 habitantes no interiorzão do Paraná. Cheguei no fim da tarde na esperança de encontrar meu anjo guardião pra me dar um abrigo, mas ele não apareceu. Pedi água três vezes seguidas em três casas diferentes pra ver se alguém se comovia, e nada. Parei a bike na calçada e fiquei brincando com duas crianças que estavam andando de bike, o João e a Lorena. Fiquei ali, pedi água pra família da Lorena, e nada! Resolvi apelar pra um hotel, mas quem disse que existe hotel em Caetano Mendes? Então tá, vamos ao posto de gasolina! (Fazia tempo que eu queria viver essa experiência, que foi só a primeira de muitas).

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Cheguei no posto, troquei uma ideia com Everaldo, que disse que eu poderia armar minha barraca no canteiro da entrada do posto e ainda guardaria minha bike num lugar seguro. Pra melhorar, o restaurante que fica ao lado é 24 horas e serve janta até as 23h, tô rico!! Comprei uma ficha de banho, R$3,00 que te dão direito a seis minutos de água. Vinte minutos na fila trocando ideia com os caminhoneiros, todos com a toalha pendurada no ombro. Jantei, recebi ligações de pessoas queridas (parece que elas sabem o momento em que você mais precisa delas) e fui pra minha casinha. Dormi ao som dos caminhões que passavam na estrada e acordei animado pra chegar logo em Ponta Grossa.

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Sai do posto com meus gritos de praxe, felizão por saber que em Ponta Grossa eu iria encontrar a Lorene, minha parceira de Maringá que me ofereceu casa, comida, roupa lavada e sabe o que mais? Uma ceia de Natal! Nem acredito. Mais 80km de muito sobe e desce, sem bateria no MP3, fui cantando, falando sozinho, inventando personagens e imitando o sotaque cantado do sul do Brasil. Ainda bem que na estrada ninguém te ouve, por que se não a coisa seria um pouco constrangedora! Cheguei em Ponta Grossa com o sotaque afiado, pedindo informação na língua deles. “Amííígo, sáábê ondê fííca a casa da Loreenê, na rua Vicêêntê Machááádo, número cêênto e setêênta e Cêêênco????”. 

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Agora estou aqui, deitado numa cama macia e com uma mãe que eu considero como minha, que está lá na cozinha aprontando alguma coisa. Neila é o nome dela, uma jovem de 67 anos, que está com uma dor no joelho que deixa ela um charme. A dor faz ela andar manquetola, coisa mais linda. Não estou querendo puxar o saco, mas que mãe é essa Lorene? Que bom humor, que tranquilidade, que espirito jovem, simples, inteligente e com uma pitada de braveza de quem tem descendência Russo-Alemã. Sem falar no sotaque… Tô apaixonado!

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Bom, agora vou indo conferir o que ela está aprontando na cozinha, com certeza vou me dar bem nessa. Amanhã é dia 24, véspera de Natal, aniversário da minha irmã, um dia especial pra todos nós. Que essa data mais uma vez sirva para unir as pessoas através das orações, da Fé, do amor. Mesmo longe, desejo a todos um natal maravilhoso, e que esse texto, que foi escrito com o coração, sirva pra que as coisas simples da vida passem a brilhar mais aos olhos de todos. O que eu busco com tudo isso é passar uma mensagem de simplicidade e união, pra que a gente dê mais valor aos abraços, olhares, mensagens, ligações, que esqueçamos um pouco do nosso ego, da vida alheia, das picuinhas e fofocas. Vamos nos concentrar no que é importante para a nossa evolução, no que deixa Deus feliz!

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Muita alegria nesse fim de ano! =)
Saudades de muita gente…
Um beijo grande!!!

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Beto!

 

 

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