Dias atrás, presenciei uma cena que, infelizmente, já não é mais algo fora do comum. Um pai estava pegando algumas informações pelo celular. Ao lado, o seu filho chorando, agredindo-lhe e proferindo palavras de baixo calão para que o pai lhe entregasse o aparelho. Cenas como esta têm se tornado tão frequente que já não causam mais espanto para quem as presencia. Estamos fazendo tudo errado e as consequências deste erro estão aparecendo agora com estes constantes ataques nas escolas. Eu já havia falado sobre o “quarteirizar a educação” em algum momento desta lauda escrita semanalmente. A família, não contente com a terceirização da educação dos filhos pela escola, decidiu “quarteiriza-la” utilizando os recursos tecnológicos e a sua gama de distração.
Há uma frase de Sófocles em que ele afirma que “Nada grandioso entra na vida dos mortais sem uma maldição”. Estamos vivendo-a. A maldição do século não está relacionada ao surgimento de nenhum vírus. Na verdade, nós somos o próprio vírus. Somo comandados e criados por algoritmos que interferem nas nossas condutas, pensamentos e comportamentos. Estamos à beira de uma Terceira Guerra Mundial. Compartilhamos a maldade e comemoramos cada sangue derramado por aqueles que vivem para se aparecer. A maldade do ser humano tomou uma proporção tão grande que a esperança tem sido escassa no vocabulário das pessoas. Estamos nos destruindo. Essa é a palavra: autodestruição. Somos uma bomba numa terra que não nos merece. A palavra educação só existe em época de campanha política. Enxerga quem não quer e quem não quer enxergar é porque está condizente com os erros cometidos relacionados a ela.
Vejo certa inutilidade muito grande nas pessoas. Não suporto mais seus pontos de vistas baseado em nada. Não suporto mais os seus dedos apontados em cada acontecimento polêmico desta sociedade, enquanto seus filhos agridem e desmerecem a escola e os professores. Machado de Assis descreveria este momento catastrófico em poucas palavras: ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas. A sociedade hipócrita de Machado esta mais atuante como nunca. Os vermes tem sido os únicos merecedores das palavras que martelam na cabeça de quem enxerga a realidade. A sociedade, não. Àquelas que terceirizam ou quarteirizam a educação dos filhos, não merecem nem as minhas memórias póstumas porque vai contra tudo aquilo que eu me dedico e luto: por respeito à educação e uma educação de qualidade. Porém, sozinho é impossível. É por isso que desdedico a tudo aquilo que atrasa este processo.