Acabo de ler a última coluna do meu pai, em primeira mão, escrita especialmente para a última edição impressa do nosso jornal. Última impressa, porém, a que fecha e ao mesmo tempo inaugura a era 100% digital.
Quanto orgulho eu tenho deste meu pai! Quanto orgulho eu tenho de carregar o legado viciante da leitura e o hábito da escrita. E quem nos acompanha sabe que impregnamos minha filha, Alice, com a mesma paixão. Inclusive, ela já esteve presente algumas vezes com seus próprios textos por aqui.
Meu pai, a geração antiga. No caso dele – que optou por não aderir a modernidade – continua escrevendo seus artigos na Olivetti que recentemente trocamos na feira de antiguidades da Benedito Calixto, por uma “nova”. Meu pai, que sem computador ou celular, continua moderno e atualizado, do alto da sua sabedoria de 75 anos.
Eu, a geração do meio, que não nasceu na era da internet mas que entendeu cedo a importância de aprender e se adaptar às novas tecnologias. Meu pai, avesso a tudo isto, teve a atitude visionária de nos colocar, a mim e a meu irmão, na primeira turma de digitação que por aqui surgiu, para conhecermos este tal de computador e esta tal de internet que então surgia.
Minha filha, a geração que já nasceu conectada, que ama os livros físicos e que até lê online mas que me pede: “mãe, eu quero ver e sentir os livros na minha mão”. Verdadeira e fiel leitora.
Como é gratificante perceber que a construção de nossas histórias se dá através das gerações, das fases e etapas, dos tempos bons e dos tempos difíceis, também. Como é gratificante perceber que uma história que começou há 59 anos atrás, se mantêm hoje apesar da passagem do tempo e das mudanças inerentes ao desenvolvimento da humanidade.
Sim, temos muitas coisas a corrigir e muitos limites ainda a aprender em relação a toda tecnologia, ao uso excessivo das telas e das devastadoras redes sociais. Nossos filhos precisarão batalhar ainda mais para respeitar este limite e conseguir o equilíbrio necessário. Mas, a realidade que agora vivemos é esta e é preciso aprender com ela, também.
Que no fim de tudo a gente não se esqueça, como meu pai bem colocou no final de sua coluna de hoje, que o cérebro deve prevalecer. A mente, a consciência, a reflexão é do homem, ainda que a IA – a tal da inteligência artificial – esteja crescendo preocupantemente.
Que cada vez mais as pessoas queiram ser de verdade, apesar dos pesares. E que este espaço, de forma física ou digital, continue ativo para que todos nós possamos manifestar nossas ideias, divulgar nosso conhecimento e compartilhar informações.
Seguimos!