Há que se proteger as crianças, sim. Acolher, ensinar, mostrar, educar, viver o que se educa. Há que se aproveitar a infância, sim. Deixar brincar, deixar correr, deixar machucar para depois sarar, deixar errar para depois corrigir, deixar chorar, deixar perder para saber ganhar e valorizar o processo da conquista. Ou aceitar o peso da perda. E elaborar. E internalizar.
Há que se deixar a inocência ser vivida na época certa. Sem grandes problemas ou preocupações que não pertencem a esta fase. Não é preciso “adultizar” a criança para prepara-la para a vida, não é preciso acelerar o processo, não é preciso aumentar as atividades extras, falar várias línguas ou fazer vários cursos antes do tempo. O mundo não é uma corrida de velocidade. Ou, não deveria ser. E se é, devemos todos rever porque estamos fazendo parte desta corrida maluca.
Há que se estimular as crianças, sim. Na medida certa. Sem exageros, sem ultras tecnologias. Não é preciso abrir mão delas, mas também não é preciso viver em função do novo, do moderno. Ainda existe o quintal de casa, a rua, as árvores, os pássaras, a terra, a água. E, pasmem, dá para brincar sem brinquedos! E, pasmem mais ainda, as crianças sabem fazer isto, se deixarmos! É que não deixamos. Estamos sempre tentando colocar algo para que elas façam, para que aprendam. E muitas vezes não é preciso. Basta deixar brincar.
Há que se respeitar o ritmo da vida, aquele, natural: de que cada coisa tem seu tempo, sua hora. E que muitas vezes o mais simples é o melhor. Voltar nossos olhos para o natural. E permitir que as crianças vivam suas próprias experiências e resolvam seus próprios pequenos problemas, que vão lhes ensinar como agir, como dividir, como entender, como respeitar.
E deixar os planos mirabolantes, a ideia do filho vencedor, no sentido de riquezas e “super” empregos e carreiras, para outro dia, se é que isto é realmente prioridade para você.
Vamos voltar a pensar nas crianças felizes, sujas de areia e cores brincando, simplesmente, que é o que acontece quando se encontram ou mesmo quando estão sozinhas: elas e a imaginação.
E vamos deixar as crianças aprenderem a sentir. Sem intermediarmos tudo, viver por elas ou evitar certos sentimentos e sofrimentos. Todos eles fazem parte da vida. E aí está a riqueza de estarmos aqui.