Coqueiro da minha infância,
teu caule fino, comprido e altaneiro
carregava no cimo as palmas
que me punham medo
quando o vento assobiando
imitava lamentos.
Eu ouvia os gemidos dos fantasmas
que vinham
com o próprio vento.
Coqueiro que tão poucos viram
na esquina do jardim…
E meus olhos curiosos, meus dedos de criança
viam e sentiam as marcas
das cordas
que amarraram um dia o negro escravo.
Os gemidos e lamentos ainda ecoam no ar.
É preciso escutar.
É preciso sentir.
É preciso ver
na tela do infinito sua imagem impressa
gravada com todas as tintas
pois não se conta uma história
de fadas ou de terror,
se não houver um testemunho
do riso ou da dor.
Coqueiro da minha infância
escuto em alegre revoada
as andorinhas
procurando em suas folhas o ninho…
Nada é tão escuro, nem tudo é tão claro.
É a vida !