Coluna do Alencar

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Nesta coluna, que não canso de falar que é escrita por mim há décadas, sempre falo de tudo, porém, procuro dar foco para as pessoas que fazem e fizeram a história de Monte Alto e região.
Hoje, quero começar, como todo jornalista contador de histórias, falando de um homem que foi e será sempre um ícone em nossa região, pois teve participação indireta e as vezes até direta na vida de muitos montealtenses, principalmente no que tange a educação. Estou falando do professor, escritor, político e poeta, Waldemar Martins, que partiu neste último dia 3 julho. Além de professor e poeta, Waldemar Martins ingressou na vida pública tendo sido vereador em nossa cidade mãe, Jaboticabal, durante seis mandatos, ocupando a presidência da Câmara por três gestões de forma ímpar e transparente, o que lhe era peculiar. Grande parte dos professores de Monte Alto e região se formaram na Faculdade São Luís. Certa vez, fiz um levantamento dos professores municipais e fiquei impressionado com o número deles, que passaram em concurso e foram formados naquela entidade de ensino.

Colégio e Faculdade São Luís
Depois de andarem por longínquos rincões do Estado Paulista, dando aulas nos mais diversos locais, os irmãos Waldemar e Afonso voltaram à terra natal, e no ano de 1961, junto à suas esposas, Iracê e Angelina, fundaram o Colégio São Luís, o qual não tinha só o intuito financeiro, uma vez que são de um família de professores. Claro que em todo ramo há necessidade de dinheiro para tocar, mas o que eles queriam no fundo era trabalhar pelo desenvolvimento de seu povo e de sua cidade, o que posteriormente, no começo dos anos 70, tornou-se a Faculdade São Luís com diversos cursos, hoje, um Centro Universitário. É difícil entrar em um lar de Monte Alto e região e não encontrar alguém da família que não tenha passado pela Faculdade São Luís.

O lado humano de Waldemar
Waldemar sempre ensinou aos seus filhos que o amor é a fonte de tudo e que na vida é preciso viver para si e para o próximo. Foi com esse pensamento que sua filha, a Professora Gislene de Castro Martins Duarte, criou a importante Entidade Filantrópica Olhos D’Alma, que cuida de inúmeras crianças carentes com deficiências visuais de Jaboticabal e da região. O Professor Waldemar sempre se preocupou com o lado pessoal dos seus alunos, se eles iam bem, inclusive, visitando suas famílias. Sua esposa Iracê sempre esteve ao seu lado na instituição de ensino. Depois da morte de seu irmão Afonso, passou o bastão para seus filhos e sobrinhos que hoje comandam a importante entidade.

O POLíTICO WALDEMAR MARTINS
Eu, como jornalista, acompanhei durante anos várias sessões do Legislativo Jaboticabalense sob o comando do então vereador Waldemar Martins e pude confirmar que sua maneira peculiar de dirigir os trabalhos era admirável. Certa vez, o vereador Dr. Natalino, meu amigo, que foi Delegado em Monte Alto por dez anos e era uma das lideranças da política de Jaboticabal, em dado momento, aproximou-se e me disse: “Hoje vai ter votação importante”. E aí, eu indaguei: “Porque, está na pauta?” E ele disse: não, mas o Waldemar está vestido com o terno azul marinho, de linho. Ele só coloca este terno quando vai ter decisões importantes na casa. E finalizou: “esse Waldemar é uma figura, ele consegue não ter inimigos, só adversários, e olhe lá!” (Risos).

Valdemar Martins, o Professor Poeta, o idealista
Quando jovens, Waldemar e seu irmão Afonso, dando aulas em várias cidades do Estado de São Paulo, casaram-se com jovens também professoras, Valdemar com Iracê e Afonso com Angelina. Waldemar fez parte e dirigiu uma unidade do projeto Rodon, ajudou índios e também os menos favorecidos.
Escreveu três obras: “Folhas Perdidas”, “Escreva correto pela imagem da Palavra” e “Na Cova do Tatu”. Tive o privilégio de conviver com este grande homem como mestre e como político. Certa vez, ele me contava: “Olha Alencar (Terra Seca, termo carinhoso com o qual a mim ele se dirigia pelo fato de eu ser nordestino), antigamente rapaz, era comum a gente quando moleque fazer arapuca para prender passarinhos, tinha até competição para quem pegava mais. Aí eu esperava meus amigos pegarem os pássaros e ia devagarinho abrindo as armadilhas e soltando um a um. Um dia, um amigo me disse: sabe Waldemar, eu acho que é você que está soltando os passarinhos, ele me pegou e abrindo uma gaiola e afirmou: eu te vi. Foi então que comecei a falar para ele: “Então, e se fosse você, gostaria de viver preso? Sem acesso a natureza, sem poder ver o sol nascer ou se por, gostaria de viver afastado de sua família?”, ele me respondeu assim: “É, pensando assim, você tem razão, porém, se o pessoal souber, eles não vão entender e podem te dar uma surra, pois está soltando todos os pássaros que eles levaram o dia para pegar”. E assim era Waldemar Martins, uma pessoa comprometida com a vida, com as aves, com os animais e com a natureza….

O Beija-Flor e a pureza do poeta com as aves
Recentemente sua bisneta encontrou um beija-flor se debatendo no asfalto quente, pegou o pássaro que estava quase morto e o levou para Waldemar; ele pegou o beija flor soprou na sua boca, deu água com açúcar e, ao perceber que o passarinho estava com os pés queimados do asfalto quente, passou pomada, deu água novamente e disse para bisneta: “fica calma filha, ele vai ficar bom”. Passaram-se os dias e o beija-flor ficou bom e Waldemar o soltou. Três dias após ser solto, a surpresa: o beija flor voltou e todas as manhãs, ao raiar da aurora, ele aparecia, tomava sua água doce, ficava revoando o jardim, visitando as flores e depois se dirigia ao poeta. Tinha vez que o beija-flor chegava, Waldemar estava no sofá lendo jornal, ele se aproximava, sobrevoa o professor poeta para que ele lhe desse um pouco de atenção. Assim era esse ser humano especial, Waldemar Martins, O professor, o Poeta da natureza e das aves.

A TRISTE PARTIDA
Ao dar seu último adeus, antes de morrer, pediu para seus filhos e sua esposa que queria escrito em sua Lápide: “NÃO CHORES POR MIM, CHORES POR TI, POIS EU VIVI”. Em seu velório e sepultamento estavam representantes de várias cidades e enquanto o caixão do nosso Professor poeta passava, a banda criada por ele, que hoje é comandada pelo seu filho Ricardo, tocava e o povo se emocionava. Lá ia ao encontro de Deus no céu o Poeta da Cidade das rosas, acompanhado das mesmas rosas que tanto amou. E para finalizar, vou terminar minha coluna desta semana com uma frase tão interiorana paulista que Waldemar costumava usar principalmente quando começava uma confusão na Câmara Municipal enquanto ele presidia: “CHEGA DE FORFÉ”. E Jesus chamou Waldemar!

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