Vivemos em sociedade e convivemos com pessoas. Partilhamos espaço, tempo, atenção e trabalho. Para tudo isto é necessário que cada um entenda e aceite o compromisso da vivência em comum.
Em cada lugar que estamos e vivemos existem grupos distintos. Enquanto crianças, nosso principal convívio é o grupo familiar e a instituição escolar. Já adultos passamos a utilizar os círculos sociais e o grupo de trabalho, além de desenvolvermos nossos relacionamentos amorosos e de comprometimento como o casamento e os filhos.
Para todas as situações da vida existe um conjunto de regras sociais que permite esta convivência. Quando estas regras não são respeitadas podemos observar facilmente o surgimento da grande maioria dos problemas que tanto nos incomoda: a violência (de todos os tipos), o abuso de menores, a degradação do meio-ambiente, a baixa qualidade de serviços básicos, a honestidade das pessoas públicas que nos representam, entre outras tantas coisas que poderíamos citar.
Falar em civilidade – termo que vem de Civita que significa cidade – é falar de um conjunto de ações e condutas que nos levam ao convívio em sociedade. Pratica a civilidade o indivíduo que vive a base deste convívio social, que é o respeito entre as pessoas.
Para que possamos exercitar a civilidade, mesmo que às vezes aconteçam alguns escorregões, precisamos avaliar nossas posturas e refletir sobre atitudes como integridade, boas maneiras, tolerância, autocontrole, honestidade e reconhecimento de erros, por exemplo.
Quando compartilhamos qualquer coisa com alguém – um espaço, uma opinião, um trabalho – estamos lidando não só com nossos desejos e crenças mas também com os desejos e crenças do outro. E aí a situação se complica, pois estes pensamentos e ações podem não ser iguais aos nossos, por isto, o exercício da convivência é, antes de tudo, o respeito à postura e opinião do outro. A tolerância às diferenças, o controle de nossa conduta quando somos submetidos a situações de estresse, o cuidado com o que falamos, pois, não podemos mesmo falar o que bem entendemos quando, aonde e para quem queremos. Afinal, a máxima de que não devemos fazer ao outro o que não gostaríamos que fosse feito a nós mesmos é uma ótima forma de avaliar a adequação de nosso comportamento.
Cada um nasce e desenvolve sua liberdade interna e a capacidade de livre arbítrio. Mas mesmo isto está sujeito ao crivo coletivo. A liberdade é individual até o momento que diz respeito somente a nós mesmos e passa a ser coletiva quando afeta o espaço do outro.
Por isto a educação, o respeito ao espaço comum, o bom senso no uso de tudo o que é partilhado e tudo que afete o coletivo, a paciência com aquilo ou aqueles que não correspondem ao que esperamos ou gostaríamos são condutas necessárias para que o dia a dia não vire uma guerra.
Para tanto, é necessário que todos entendam e busquem, a cada dia, o bom senso em suas ações. Se não é pensando no bem-estar de todos, ao menos que seja preservando o seu próprio. E para que isto seja uma realidade, cada um deve cuidar de suas próprias atitudes e refletir sobre seu papel individual e as conseqüências dele no desempenho coletivo.
E, mais uma vez, tudo isto está ligado à educação básica, à família e aos educadores já que crianças aprendem observando o exemplo daqueles que cuidam delas. Observando boas condutas elas poderão aprender os comportamentos e as posturas do bom convívio, quem sabe melhor do que aprendemos até agora e também com melhores possibilidades de sucesso no futuro.
Tudo isto depende de nós. E este “nós” significa eu, você e todas as pessoas.