Uma das frases mais faladas por um professor quando alguém entra no seu carro é “ Por favor, não repare na sujeira e na bagunça.” Na boa, professor não tem tempo para ficar limpando carro. Ele prefere mandar lavá-lo. Se for um profissional que vive pelas estradas de uma escola para outra e que paga pedágio, a situação piora. Há vários comprovantes do pagamento jogados pelo automóvel, porque, o professor consciente, não joga o papel pela janela: ou coloca na sacola que fica presa no cambio do seu carro ou joga no assoalho mesmo. E quem pega carona, tem que dividir o espaço com os livros, cadernos, pastas e com um caminhão de provas para corrigir.
A gente não liga para o tipo de carro. O que nos preocupa é se ele vai quebrar no meio caminho nos deixando na mão. Outro fator preocupante é saber se o marcador de combustível está funcionando. Quando não, marcamos na intuição. Que me perdoem os ateus: todo professor já rezou para não chover. Principalmente aqueles que pegam estrada de moto. Nestas andanças, qualquer cheiro de queimado é motivo de preocupação. Às vezes, o cheiro e a fumaça vem da mata ou de qualquer outra localização. Mas a impressão que se dá é de que vem do nosso motor. É hilário.
A gente sabe que precisa de manutenção. Entretanto, não dá para pará-lo. Se pararmos, não tem como trabalhar; se não formos ao trabalho, as contas não perdoam. Tem aluno que sabe quando estamos chegando só pelo barulho do motor rangendo. A gente ri das piadas porque há tanta realidade nelas que vamos nos acostumando com as sátiras. A gente só quer chegar a tempo ao trabalho, independente do veículo ou da sua marca. A segurança é muito importante, mas a vida é tão corrida que às vezes nos esquecemos dela. É comum o professor preparar a aula mentalmente no trajeto da escola, porque, na maioria das vezes, não conseguiu se programar devido a sua carga excessiva de aula. O que poucos sabem é que todo professor tem sempre um trabalho a mais para pagar todas essas despesas. De três cargos que ele tem, um é para pagar o combustível, o pedágio e a alimentação. Um carro novo é sonho; às vezes, utopia. O amor ao trabalho é real.