Escute, escute de mansinho
a chuva que cai lá fora
lavando as árvores
e o caminho…
Escute, preste atenção
e sinta que a chuva diz
palavras de amor.
No corpo de um povo sofrido
ela é mais do que tesouro
é carinho…
Escute, abra os olhos
e com os ouvidos atentos
entenda o que ela diz:
“Sinta-me na pele,
não tenha medo
sou remédio e descarrego…”
E se a insônia
lhe estragar a noite
conte as gotas
que caem no chão.
Chuva abençoada
e indomável
que explode açudes
e invade limites
como útero prenhe…
Escute, escute a chuva
que cai lá fora.
Escute a música
que vem e vai.
Deixe o coração
cansado se embalar
na doce cantiga
de ninar
da chuva que cai…