Há um brilho muito mais que especial do que aquela pobre luz esquecida no fundo da sala. Este foi diagnosticado com problemas de aprendizagem e há muitas limitações na aquisição do seu conhecimento. Não adianta compará-lo com os demais da sala e nem aplicar as mesmas atividades. Ele sabe dos seus limites e quer que o seu professor saiba disso. Ele quer que a sua avaliação seja diferente. Talvez na oralidade ou quem saiba através de imagens. Ele até pode fazer a leitura solicitada pelo professor, mas é preciso mostrar partes do enredo através de interpretação, gestos e imagens. Nem sempre ele vai estar de bom-humor e isso faz com que atrapalhe toda a sala.
É preciso acalmá-lo para que ele possa se sentir seguro e protegido. É importante que os amigos saibam das suas limitações para incluí-lo e ajudá-lo nos momentos que ele quer se isolar. A escola tem que se adaptar a ele e não ele à escola. É preciso que o professor conheça seu distúrbio para fazer um trabalho diferenciado dos demais, mas sem expô-lo como incapaz. Às vezes a única coisa que prende a sua atenção é ver como o professor está ensinando. É ver o quanto o mestre se esforça para que todos entendam independente das suas limitações. A família se sente insegura. Claro, quem não ficaria ver o filho incluso! Mas é uma fase e esta passa muito rápido. É preciso de diálogo entre todos os envolvidos. Não podemos condená-lo por não aprender, por não saber ler e nem escrever. Não adianta brigar porque ele não entende a matemática e o português. É preciso muito mais do que palavras. Ele precisa de gestos e seriedade. Ele precisa de alguém que passe confiança. Alguém que possa adaptá-lo ao mundo balburdiado que se passa na sua conturbada cabecinha. A melhoria é gradativa. Ela vem com o tempo. Muitas das vezes o professor não consegue trabalhar o tanto que deveria por falta de tempo. Afinal a sala é grande. Os pais e a escola tem que ter ciência deste empecilho. E o único que vai perceber que às vezes o trabalho é prejudicado, é o próprio prejudicado. Ele quer o conhecimento, mas o sistema não colabora. A peça fundamental para cobrir a falha é o querido professor. Ele tem superpoderes. Ele consegue transformar o mundo e encher de esperança os desacreditados. Ele consegue transmitir a sapiência mesmo para aqueles que têm suas limitações. Afinal o craque “Hermano”, o homem do sistema operacional e o homem da teoria da evolução tiveram um dia o seu brilho ofuscado. Hoje são eles que ofuscam o brilho de muita gente e inspiram os outros brilhos que estão para brilhar.