Quanto brinquei! Tão gostoso brincar de tirar uma por uma as pétalas da margarida, indo pra lá e pra cá.
Minha mãe, em minha casa, tinha um canteiro de margaridas brancas no quintal. Misturado e junto a ele, canteiros de alface, almeirão, couve, cenoura, cheiro verde. Tudo com divisões entre uma hortaliça e outra. Era lindo! Margarida, flor que nos encanta pelo ano todo, e na época de Finados fica mais viçosa e dá em maior proporção.
Usávamos a margarida para brincar nas tardes de domingo.
No fundo do quintal, uma parreira de uvas, a qual cuidávamos com muito amor. Até charuto com as folhas de uva mamãe fazia na época da colheita da fruta. Era tanta a safra que levávamos cachos de uvas para os vizinhos. E… como ficavam contentes! Sabiam de onde vinham e quão saudáveis eram elas. Sem adubo e sem veneno, os pés eram tratados com água limpa e muito amor. Meu pai comandava esta bondade, pois era sua qualidade principal. Muitas vezes nos retribuíram com bolinhos de chuva nas tardes de sábado.
As margaridas faziam a diferença. Quando não podiam ser levadas ao vaso, fazíamos o jogo entre irmãs, em qualquer dia da semana, sempre à tarde, quando não tínhamos lições a fazer.
Éramos crianças e adolescentes ao mesmo tempo. E como éramos felizes. Nesta época já tínhamos amigos, vizinhos que conversávamos – poucos amigos, verdadeiros e para sempre, nada e ninguém atrapalhava as nossas boas relações – Deus nos prepara para que esta amizade durasse por muito tempo. E como durou!
Só nos distanciamos de todos quando casamos – mesmo assim, nosso coração não os esquecia.
E como diz Beatriz – “a alegria não está nas coisas, está em nós!”
Nossos pais davam prosseguimento a esta amizade e por muito tempo conservaram o hábito de presentear com frutas e… flores.
Os idosos são crianças grandes… que não perdem a inocência… e ainda ganham experiência. E quanto tempo passaram ali nos arredores como amigos.
O Finados está chegando. Recordações mil passam pela nossa cabeça. Flores, margaridas… margaridas e flores. Saudades do tempo que se foi. Saudades dos entes queridos que já não estão conosco – mesmo assim moram em nossos corações.
Papai e Mamãe estão morando no céu e com Deus plantam ali também margaridas e outras flores enfeitando os canteiros dos seus jardins.
Vó Maria e Vô Eduardo, que ajudavam na colheita das flores aqui na Terra ajudando Américo e Helena, com certeza estarão ali também os ajudando no viço delas para mais lindas ainda abrilhantarem os jardins no azul do firmamento. José Florindo também os auxiliando no plantio das margaridas que todos amavam pela beleza das pétalas.
Bem me quer… mal me quer. E todos nos queriam bem.
BEM ME QUER!!!
