Quando pensamos em perda, nosso primeiro pensamento é a morte das pessoas que amamos. Mas a perda é muito mais abrangente em nossa vida – perdemos não só pela morte, mas também por abandonar ou ser abandonado, por mudar, por deixar coisas para trás e seguir nosso caminho. Nossas perdas incluem não apenas separações e partidas dos que amamos, mas também a perda consciente ou inconsciente dos nossos sonhos, expectativas e ilusões.
Estas são as perdas da vida, as perdas necessárias: universais e inevitáveis. Elas acontecem quando temos que enfrentar uma situação da qual não podemos fugir. Quando reconhecemos que estamos no mundo por nossa própria conta, que somos responsáveis por nossas decisões e ações, que nem sempre as dores que sentimos podem ser aliviadas, que precisamos aceitar e enfrentar nossos erros, nossas limitações e também a dos outros e que há falhas em todos os relacionamentos.
Perder é confrontar as limitações do nosso poder e do nosso potencial, é renunciar aos sonhos dos relacionamentos ideais e reconhecer as imperfeições das conexões humanas.
Para crescer temos que perder, abandonar e desistir, por vezes. Durante nossa vida crescemos fazendo escolhas e, fatalmente, quando escolhemos uma opção desistimos de uma ou de várias outras possibilidades. Para construir nossa vida, atingir nossos objetivos e realizar nossos sonhos muitas vezes abrimos mão de alguns de nossos vínculos mais importantes. Perder é difícil e doloroso, porém necessário.
Neste processo, reconhecer nossas ações e buscar o autoconhecimento pode ampliar o campo de nossas escolhas e possibilidades.
Olhar para nossas perdas é perceber como estão intimamente ligadas ao nosso crescimento e que a forma como lidamos com elas direcionaram nossa vida. Ter esta percepção é o inicio do processo de autorregulação e de possíveis mudanças.
Para falar resumidamente de uma só de nossas perdas, mas a primeira e mais importante, usaremos o exemplo da separação da figura materna. O bebê precisa da mãe, é um ser indefeso, colocado no mundo completamente dependente para todas as suas necessidades e, após algum tempo de uma existência onde a presença da mãe é absoluta, percebe que pode perdê-la. Perdê-la para algo desconhecido ou para a atenção de outro ser que até então ele não sabia que existia.
É a partir desta primeira experiência de perda que passamos a vivenciar outras situações frustrantes e crescer através do enfrentamento delas. Para que possamos nos desenvolver temos que suportar as perdas, embora possam ser equilibradas pelos ganhos
Entender todo este processo de perdas e ganhos, enfrentar a dor e as frustrações que inevitavelmente vão permear nosso caminho e fazer destas experiências alicerces para a construção de nosso caminho é crescer e ter possibilidades de sonhar com um futuro melhor para nós todos.