Tudo tem sido tão automático e espontâneo desde quando a tecnologia começou a facilitar a escrita e a produção de texto que, ao longo de determinado tempo, não veremos mais sensibilidade, criatividade e originalidade nas produções textuais e nem na linguagem publicitária. Ninguém escreve nada que não tenha uma bagagem de leitura. Se não há leitores, não teremos escribas. E se não há leitores num século condenado ao tecnológico, a escrita será feita por máquinas e programas. Entretanto, escrever sem sentimentos, embora haja coesão, é se tornar refém dos nossos próprios fantasmas que nos impedem de expelir o que sentimos através das palavras.
Escrever também é terapia. Eu já disse em outras oportunidades da importância de termos um diário. Vai lá, compre um caderno. Anote tudo o que você sente diariamente. Depois, volte e faça uma leitura daquilo que já escreveu. Os resultados de autoconhecimento, autoavaliação, autocorreção, etc, são incríveis. O você de ontem não é mais o mesmo de hoje. O você de hoje pode ser um indivíduo melhor que o do amanhã. Registre sua evolução física e espiritual. Anote o que você pretende melhorar, anote seus sonhos. Converse consigo mesmo. Quem escreve o que sente não é denominado de louco, mas sim de poeta. Quem exterioriza o que sente oralmente e fisicamente, estes são os loucos que a sociedade teme.
A escrita é salvação. Misturada com a leitura é um caminho para o conhecimento: um caminho sem volta. Toda vez que nos manifestamos através da escrita, estamos regurgitando os nossos medos e anseios. Não há nada mais terapêutico e fármaco do que escrever.
Se conseguirmos liberar dopamina através dos vocábulos, teremos vida longa. Uma porque o nosso cérebro estará em constante movimento e aprendizagem; a outra é que podemos dar a possibilidade para que outras pessoas leiam o que escrevemos fazendo liberar a dopamina. Utopia? Talvez. Se não a colocarmos em prática nunca saberemos.
Não podemos deixar que a escrita, a criatividade e a sensibilidade sejam enterradas pelos tempos tecnológicos.
A escrita deve ser pessoal, subjetiva e intransferível. Pode até tentar enterrá-la, mas sempre haverá um poeta louco para mostrar o tamanho da sua importância, da mesma forma que sempre haverá um louco querendo destruí-la. Por enquanto, aqui não jaz.