Aproximamo-nos de mais um fim de ano letivo. E que ano! Foram meses de luta para que a educação não parasse. Nesta luta, perdemos vários mestres por um vírus que não deu a mínima para aqueles que a regem. Muitos deixaram o seu legado pelo caminho. Quantas cadernetas em branco! Quantas provas ficaram para trás sem correção, sem uns parabéns, sem acertos e errados! Quantos sonhos os mestres que se foram deixaram de realizar! Neste fim de ano, não teremos aquele professor na foto de formatura; não ouviremos a sua voz e nem contemplaremos o seu sorriso. A bolsa abastada de livros e pastas ainda o espera para que possa novamente reabri-la. Mal sabe que o seu fim será em cima de um guarda-roupa. Quem sabe, outro mestre possa adotá-la já que a orfandade é uma realidade.
O sonho de muitos docentes foi interrompido. Sonho pessoal, profissional e familiar. Muitos deles se foram bravamente, porque lutaram contra uma tecnologia que não conheciam e enfrentaram as falácias daqueles que diziam que o professor estava ganhando sem trabalhar. Vários desses docentes – adoecidos – encararam a tela de um computador, mas não baixaram a guarda para uma guerra silenciosa. Lutaram pela educação e pela vida. Deram a vida pelo amor ao ofício. Viveram-no vinte e quatro horas por dia procurando meios para que o conteúdo fosse transmitido. Desnudaram um eu oculto para transmitir alegria, afim de que as aulas remotas não se tornassem maçantes.
Distribuíram falsos sorrisos para que os seus fantasmas não fossem percebidos. Enfim, saíram da vida para entrar da história. Ficaram nas lembranças daqueles que viveram e conviveram com a índole e o caráter deste profissional. Eles se foram, mas a sabedoria herdada permanece. Àqueles que ficaram, basta apenas agradecer a valorizar a passagem que tiveram por estas terras. Não estão mais entre nós, mas a sapiência compartilhada é o registro. Inapagável!
