Entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, aconteceu na capital paulista um evento que daria uma “sacudidela” na arte feita no Brasil. A Semana da Arte Moderna foi um marco na cultura brasileira. Influenciados pela arte das vanguardas europeias, Mario de Andrade, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia entre outros autores, artistas e músicos fizeram deste evento uma ruptura com o século passado. A poesia metrificada, de rimas ricas e carregada de preciosismo perdeu espaço para o vocabulário simples e pela oralidade. Havia uma preocupação por uma arte mais democrática e não mais elitista. Era preciso romper com certos moldes europeus, principalmente com Portugal. A lusofobia estava lançada.
No campo da pintura, a arte realista já não interessava mais, já que a fotografia fazia a mesma coisa, com menos custo e mais rápido do que a pintura. Obviamente que os intelectuais da época renegaram a proposta. Monteiro Lobato foi um deles. Virou as costas e passou os dias daquela semana curtindo uma boa praia. Ele que havia criticado ferozmente a exposição de Anita Malfatti em 1917. Indubitavelmente, este ano foi o estopim para se realizar a Semana da Arte Moderna.
E assim, a arte foi se moldando com o tempo. Foi se tornando democrática até a chegada da ditadura que colocou um fim da na liberdade de expressão. Hoje em dia, ela segue firme, mas, em algumas situações, voltou a ser elitizada. Os fãs de Chico, Caetano, Gil, entre outros artistas não conseguem assistir aos “ shows” devido ao valor alto da bilheteria. Artistas que foram impulsionados pela minoria, pela classe popular média/ baixa e que não tem acesso aos ídolos que um dia já foram populares. Infelizmente, a distância para contemplá-los é enorme quando se mora em morros, vielas e subúrbios.
Mas não é para nos gerar uma revolta. Até porque, a gente dança conforme a música. Sim, a arte é necessária porque a vida não basta, mas se ele não for acessível a todos, nós produziremos a nossa própria arte. Esta é a marca do individuo que caminha por estas terras. Nós, os artistas, tocamos o coração do próximo, e ficamos na sua eternidade porque sabemos da importância que, o que produzimos ,tem na vida deste indivíduo.
O artista popular brasileiro deveria reconhecer a força que a voz do seu povo tem. Vox populi. O que faz o artista não é apenas o seu dom, mas sim o público que ele cria e o quanto ele se torna fiel a este público.
Eduardo Costa é formado em Letras/Inglês pela faculdade de Educação São Luís de Jaboticabal, onde também cursou pós-graduação em Língua Portuguesa. Músico, compositor, poeta e escritor, exerce sua profissão lecionando nas escolas do setor público, municipal e privado. E-mail: ticodacosta9@gmail.com