Um colega de trabalho me disse estes dias que a recuperação deveria ser chamada de “semana milagrosa”, pois, ao seu ver, é justamente nesta semana que o aluno recuperará todo o conteúdo que perdeu e tirará as notas necessárias para a sua aprovação no semestre. Claramente, uma ironia. Não se recupera a nota numa única semana. Parece mais um castigo do que um método pedagógico. A recuperação deve ser contínua e não consiste apenas em recuperar boas notas. Vai muito além. É preciso recuperar, primeiramente, a confiança deste discente. Ele precisa saber que é capaz de se superar. Não é o aluno que deve se adaptar ao conteúdo, mas sim o conteúdo ao aluno. Cada um tem o seu tempo de aprendizagem. Não se pode ter um olhar uniforme perante a classe. Na mitologia grega, Argos Panoptes representava os fiéis servidores que cumpriam suas tarefas com prontidão e competência, tomando para si a responsabilidade para o bom desenvolvimento do seu trabalho. Argos tinha cem olhos. Assim é o professor deste século: dois olhos para cem fatos a observar. É por isso que enxergar as soluções para os problemas individuais dos alunos é tão importante. É amenizar os problemas de aprendizagem e dar uma solução parcial diante de cada situação.
Realmente, não se recupera nada. Como disse acima, trata-se de um castigo. É uma palmada disfarçada. Não é querer tirar a razão da escola e proteger o aluno. Isto é ser realista. A recuperação paralela não tem espaço para a escola deste século. O professor finge que está recuperando um aluno desesperado em passar de ano. Aplicam-se provas e trabalhos que não tem nenhum teor pedagógico. Trata-se de uma prática desnecessária que ainda ecoa por todos os ambientes escolares. O correto a fazer, claro, algo sugestivo, é aplicar os famosos plantões, onde o aluno procura pelo professor para tirar as dúvidas dos assuntos abordados. E quem o frequenta, não deve ser apenas aqueles com dificuldades de aprendizagem. O espaço deve ser destinado àqueles que procuram se esforçar ao máximo. Obviamente que a família também deve estar inserida. O apoio dela é fundamental para recuperar não somente o conteúdo didático, mas sim o conteúdo moral e socioeducacional.