O maior desafio do professor, há tempos, é ensinar um aluno que não quer aprender. Toda vez que me deparo com indisciplina, eu uso a seguinte máxima para os meus alunos: a minha vontade de ensinar começa na vontade de vocês quererem aprender. Essa falta de interesse aumentou com o avanço dos celulares cada vez mais modernos. Não dá para disputar atenção do aluno com o aparelho dentro da sala de aula. Acredito que proibi-los no ambiente escolar foi uma vitória da educação e principalmente do professor. Mas por que esta proibição é tão necessária?
O uso excessivo do celular – que fez surgir a doença do século chamada de nomofobia – tem reduzido capacidade de raciocínio e de atenção em crianças e adolescentes. As escolas deverão alertar e conscientizar os alunos sobre a dependência do aparelho e capacitar os professores para que possam identificar o sofrimento psíquico causado pelo excesso de telas. Nós somos o segundo país do mundo que mais usa os aparelhos móveis. Dados da FGV, afirmam que há mais aparelhos do que habitantes. Segundo a pesquisa, os brasileiros passam em média 9 horas e 30 minutos por dia no celular. “O uso prolongado pode causar alterações cerebrais significativas, que afetam tanto a saúde física quanto a mental”, afirma o médico neurocirurgião Felipe Mendes, membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia. De acordo com uma pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), mais de 40% dos jovens brasileiros não conseguem ficar mais de um dia sem usar o celular. Os dados mostram a realidade do povo brasileiro que, primeiramente, aderiu à tecnologia sem saber o básico de português, matemática e com baixíssimos níveis de compreensão textual.
Já estava na hora, ou passado dela, do Governo Federal enxergar os malefícios que o uso de smartphones tem feito na vida das pessoas, principalmente em crianças e adolescentes. Países com a Finlândia regrediram ao ensino tradicional – livro didático e escrita à mão – porque perceberam os perigos que o uso da tecnologia em si tem causado no sistema cognitivo dos alunos e na coordenação motora. O novo sempre causa estranheza e é isso que vai acabar acontecendo nas primeiras semanas de aula. Todavia, o rendimento e a participação dos alunos em sala de aula aumentarão progressivamente e todo este desconforto em relação à ausência da “droguinha” será superado. Que assim seja!