Hoje em dia muito se valoriza o desenvolvimento intelectual das crianças através de um número cada vez maior de atividades informatizadas e cursos dirigidos e se esquece, ou se finge que isto não é importante, que o primeiro e principal instrumento do desenvolvimento da criança acontece através das vivências da brincadeira e da fantasia.
Tudo o que acontece no mundo infantil é representado pelo que chamamos de atos simbólicos; simbolizar é quando uma criança faz de conta que está vivendo uma situação e representa, através dela, ações e atitudes.
A criança brinca de aprender, brinca de ser gente grande, ser a mãe ou o filhinho, a professora ou o aluno, aprende situações, também, utilizando-se dos jogos de regras, que iniciam o aprendizado dos limites, da cooperação, da paciência e também de um dos mais difíceis sentimentos da vida: a perda. Saber perder, aceitar as frustrações e aprender com os erros que nos levaram à derrota são lições que levaremos para sempre.
Um dos mais eficientes meios de comunicação com o mundo da criança são as brincadeiras. É através da forma como a criança brinca, como ela se relaciona com os brinquedos e com as regras das brincadeiras que entendemos como ela vê e se relaciona com o mundo e com as pessoas à sua volta.
Por este motivo, todos os profissionais que trabalham com crianças utilizam-se dos jogos e brinquedos, seja como uma via de acesso e conquista do vínculo terapêutico seja como principal instrumento de trabalho.
Isto não quer dizer que conversar com as crianças não seja possível e necessário. A verbalização de alguns assuntos é importante e ajuda a compreender melhor algumas situações. Mas, muitas vezes, as crianças não conseguem ser claras em comunicar seus sentimentos porque não sabem ainda interpretá-los e expressam este sentimentos da maneira que melhor sabem: brincando.
Por estes mesmos motivos elas podem também adoecer quando algo está errado, por exemplo, apresentam quadro de febre sem explicação, diminuem o rendimento escolar,, tem dores de barriga diante de situações novas ou difíceis de serem enfrentadas, entre outras reações.
Todos estes sinais devem ser observados e percebidos como um alerta para que se olhe com mais atenção para a criança e se verifique o que está se passando com ela para, se necessário, buscar ajuda especializada.
E mesmo diante de tanto desenvolvimento, tecnologia e informação não devemos esquecer: brincar é bom, necessário, natural, saudável e promove o desenvolvimento infantil.
Seu filho tem tempo para brincar?
Dra. Luciene Pugliesi Rebonato, Terapeuta Ocupacional, Especialista em Psicopedagogia Clínica e Acupuntura Tradicional Chinesa. Contato: 3241-2770 ou lurebonato@yahoo.com.br