Tem dias que os problemas tentam nos puxar para baixo. A vida empaca e o sofrimento parece não ter fim. A gente recorre às orações e se apega naquilo que acreditamos e confiamos. Respiramos fundo e buscamos forças onde elas já não existem mais. Procuramos um diálogo com alguém que possa nos ouvir ou ceder os ombros. Quando não encontramos as palavras que procuramos ou um ombro para chorar, a gente se apega naquilo que amamos fazer, seja como “robby” ou ofício.
É claro que não é o caso de toda profissão, mas a escola é única. É terapia. Quando se exerce o amor no trabalho e não o trabalho com amor, o oficio se torna prazeroso. A gente acaba se encantando com os sorrisos e com o carinho que somente o ambiente escolar proporciona. Há histórias por trás de cada sorriso que diminuem ou amenizam os nossos problemas. Tem coisas que só acontecem lá. Confesso que às vezes é um paradoxo entre o céu e o inferno. Entretanto, um inferno passageiro que se resolve com diálogo e paciência.
É preciso vestir nossa alma com máscara para que ela possa esboçar um sorriso. Creio que a escola seja o único lugar em que o nosso estado de espírito é vigiado a todo o momento. E quando entramos na sala de aula, estamos num mundo novo onde há sonhos, esperanças e um amálgama de sentimentos que são compartilhados pela postura, gestos, olhar e pelas lágrimas que gritam por socorro a fim de que possamos ouvi-las. Eles os vigiam constantemente e sentem que não estamos bem.
É verdade que muitas vezes as crianças procuram a escola para refúgio e encontram nela o carinho e a atenção que não têm em casa. E é verdade também que muitas vezes nós professores encontramos o remédio para a nossa solidão, a palavra de um colega de trabalho e um ombro amigo para ouvir um grito de dor engasgado. A escola é refúgio e se refugia nela aqueles que exercem o amor no ofício. Se a consideramos uma segunda casa para os nossos alunos, temos também que considerá-la. Nem sempre o nosso lar e a nossa vida externa estão alinhados, mas o nosso trabalho deve estar em constante equilíbrio porque há uma responsabilidade enorme em nossas mãos. E chega um tempo que nos apegamos a essas responsabilidades para que os nossos problemas não nos consumam. Isso é fato. É fuga.