A verdade está escancarada: a escassez de professores é um dos maiores desafios enfrentados pela educação brasileira. Há tempos que venho tratando sobre este tema neste semanário. Os cursos de licenciatura estão abrindo em cada esquina por este Brasil. Praticamente, rebaixaram a licenciatura ao seu nível mais baixo. A falta de professores não é apenas uma questão numérica, mas também qualitativa, impactando diretamente o aprendizado dos estudantes e a qualidade do ensino em diferentes regiões do país. Há muitos licenciados sem qualidade e aptidão nenhuma. Além disso, os docentes enfrentam longas jornadas de trabalho, salários baixos e condições precárias em muitas escolas. Esses problemas desmotivam aqueles que têm a vocação e levam à evasão de profissionais experientes.
A formação de professores no Brasil é insuficiente em quantidade e qualidade para atender à demanda. É nítido. Enquanto há universidades que possuem excelência em outras áreas, as de licenciatura têm fechado as suas portas e fazendo a formação em nível EAD. Já fiz, também, algumas críticas em relação aos cursos de licenciatura à distância. Não deveríamos tratar como qualquer formação uma profissão que forma outras profissões. Basta olharmos os gráficos e estudos voltados à educação brasileira. O estudo Qualidade do Professor Brasileiro, pesquisa inédita do Instituto Península realizada em parceria com o Movimento Profissão Docente e com o Centro de Estudos em Administração Pública e Governo (CEAG) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), dados de 2024, revela que a qualidade do professor é o fator que mais impacta os resultados educacionais do Brasil, sendo responsável por 57,76% do aprendizado dos alunos do ensino fundamental nas redes municipais e 36% no ensino médio estadual. O levantamento destaca que investir na formação e na atração de bons profissionais para a carreira é o principal caminho para a melhoria da Educação no país.
Em muitos casos, os educadores precisam lecionar em várias escolas ou disciplinas fora de sua especialidade, comprometendo a qualidade do ensino. A escassez de professores é uma questão que demanda ações urgentes e integradas. Investir na valorização e qualificação do docente é investir no futuro do país, pois somente com uma educação de qualidade será possível superar as desigualdades e promover o desenvolvimento social e econômico do Brasil. É utópico, mas necessário.
