Está aberta a temporada de usar o vocábulo “educação” como discurso de campanha. Chegou a hora das mil promessas, do mundo ideal e de melhores condições educacionais para os filhos desta terra. Há tempos que estamos ouvindo a velha frase “Vou investir na educação”, “ Eu darei mais educação, blá, blá, blá”. Penso a todo o momento, quando eles proferem esta frase, sobre o significado de educação para quem almeja uma vaga na câmara. Não adianta ir à escola e colocar um “datashow”, uma lousa digital, uma internet de qualidade e achar que está contribuindo com o sistema educacional. Isso é obrigação! Basta ler a BNCC.
Para investir, é preciso pensar nos professores. Promover cursos de capacidade e incentivar a continuidade dos seus estudos, estabelecer um projeto que acabe com a descontinuidade do seu trabalho; proporcionar melhores salários, políticas para defender o docente contra agressões físicas e verbais, acabar com a burocracia que o professor é obrigado a preencher todo final de bimestre, fazer da escola um ambiente democrático, na qual os docentes possam interferir ou sugerir na tomada de decisões. Promover uma escola que saia do tradicional, que vise o futuro, o trabalho, o bem-estar dos seus alunos, que crie oportunidade para o mundo do trabalho, que promova eventos culturais, a fim de que os discentes tenham a oportunidade de mostrar o lado artístico que eles escondem. Se pensar direitinho, dá para fazer tudo da lista citada acima.
Nós, professores, estamos fartos de usarem o sistema que tanto defendemos e que estamos inseridos pela paixão em fazê-lo, como um nome vadiamente politizado. Há tanto suor por aqueles corredores, tantas histórias entre docentes e discentes que não podemos permitir que usem o santo-nome-pilar-do- Brasil como propaganda partidária sem saber o que realmente acontece por dentro das paredes de uma escola. A escola é sagrada e não pode conviver com o profano.
Desde os tempos remotos desse país, a profanagem tem sido instaurada pelo sistema. Educação não é prostituição; é ascensão. Antes de sair vociferando sobre ela, apresente, primeiramente o seu projeto, objetivo e como irá realizá-lo. Faça da sua campanha algo concreto e não utópico. Nós, os professores, corresponder-nos-emos com a nossa cidadania em tempos de pandemia. Esperemos que os escolhidos cumpram com os seus projetos de governo. Caso contrário, será mais um nome a entrar na lista dos vários imperitos que assombraram, politicamente, estas terras de Porfírio.