A vida é feita de sonhos. Nenhum ser humano se alimenta apenas do seu dia a dia. É através das nossas ambições que vamos prolongando a vida. Os propósitos que colocamos em mente nos ascende para uma vida eterna. E quando nos frustramos? Frustrar faz parte do processo, porque nem todo sonho é como queríamos. Às vezes, o sentimento da saudade, da família, dos amigos bate mais forte. Cabe escolhermos. Meu querido aluno Pedro Agrião (foto) descreveu com a alma o que é deixar um sonho de lado para não digladiar com a saudade. Apreciem!
“Certa vez, junto com meus amigos, lembrei-me do meu tempo longe de casa. Meus quatorze anos e muitas dificuldades. Tempo o qual a angústia, o sofrimento e as tristezas gritavam pela distância e saudade. Afligiam-me a cada dia e assim conduziram-me a desistência do meu maior sonho. A inquietação durante os cinco meses, motivado pelo medo (talvez covardia), de estar desperdiçando a mocidade por motivo incerto – o medo de largar – voltar ao meu recinto, jogando fora seis anos de treino diário e sorrisos brilhantes, que na época, não levavam consigo o peso e a apreensão de uma nova vida. A solidão. O que falar dela? Presenciada e sentida em todos os finais de semana, os quais não haviam afazeres, nem amigos e o padecimento de estar longe, numa distância custosa aos bolsos, deixavam-me a quatrocentos quilômetros das pessoas que mais amo e que sentia falta, na qual estávamos conectados por uma única rede instável de Internet, nos tempos livres, breves e esporádicos finais de semana ou feriados.
Já fisicamente e mentalmente devastado (que eram supridas, momentaneamente, por raros e curtos minutos dentro de campo), 143 dias após a nova morada, o desânimo tomou-me conta totalmente, e o futebol já não mais me enchia os olhos como antes, de ânimo e felicidades. Tudo havia se tornado um breu, um vasto escuro, amedrontador e sem fim. Não existia mais esperança; apenas falsos sorrisos para esconder o que sentia.
E naquele 28 de setembro, mais um sonho foi apagado. O tenebroso caminho conseguiu superar toda distância já percorrida e o princípio de um caminho foi desabilitado. O processo feriu, e não deu tempo de o propósito chegar e curar todo ele.”
Pedro Tercino Agrião