Gestão
Há qualquer coisa de estranho na República Brasileira. Alguns gênios descobriram a gestão pública sem política, totalmente teórica, porém, tida como real, praticável e possível. O Brasil é um Estado, é republicano, é presidencialista parlamentar. Nenhuma pedra do tabuleiro é movida sem política, nenhum governante brasileiro pode realizar ou gestar nada sem o atestado político do Estado.
No final da década de 60, o então governador do estado de São Paulo, Carvalho Pinto, ao assumir, enviou um plano de governo completo à Assembleia, com a gestão compatível com o tempo do seu governo. Ele tinha a maioria parlamentar e conseguiu a total aprovação, até a oposição votou a favor, por não acreditar que Carvalho Pinto seria capaz de realizar o que propunha. O fato foi o único em toda a república, nossas duas longas ditaduras, a de Vargas e a Militar não conseguiram feito igual, mesmo governando sem parte dos parlamentos, Câmara Federal e Senado.
Carvalho Pinto, mesmo parecendo que foi um gestor sem política, não realizou nada alheio ao parlamento estadual, seu governo foi fiscalizado sem trégua pelo Legislativo, passou a ter minoria na Assembleia, mesmo não precisando de apoio, pagou o preço: não foi reeleito. Em Monte Alto, seu discípulo, Antonio Mazza, quando assumiu a prefeitura tentou fazer o mesmo, ou seja, aprovar projetos em bloco e até os vereadores do seu partido votaram contra quase todos. O Mazza era do MDB e Carvalho da Arena; na eleição para governador, o prefeito fez campanha para seu guru político, Monte Alto foi um dos municípios que Carvalho Pinto teve menos votos.
Se os prefeitos eleitos no Brasil no último pleito insistirem na tese da gestão independente, assumirão queimados politicamente. Uma gestão pública sem a política sofrerá um choque de realização, não acontecerá sequer uma colisão, porque o trem vai descarrilar antes da chegada. Culturalmente o Brasil é um Estado extremamente político, um presidencialismo tutelado pelo parlamentarismo. Se o Estado brasileiro tiver qualquer proposta diferente disso, não terá apoio popular. Tudo aqui é sonho, monarquia, teocracia, parlamentarismo e república de gestão livre. Convém lembrar que um Estado republicano sem forças políticas antagônicas é o primeiro passo para o socialismo com consequências revolucionárias.
Bomba
Em frente da agência do Bradesco tem uma loja de móveis e eletrodomésticos. Antes era um armazém de secos e molhados (conforme diz o nome, secos eram o feijão e outros; molhados, azeite e vinagre), O proprietário era o Sr. Issa Bahdur, sírio radicado em Monte Alto desde o século 19. Na frente do armazém, onde agora ficam as motos estacionadas, existia uma bomba de gasolina, que abastecia os carros com a litragem controlada, o cliente pagava no balcão um determinado valor e colocava um comprovante metálico no bico da bomba, que liberava os litros equivalentes. Não havia a conversão de galão para litro, então o abastecimento era em galões. Mesmo com os postos em medidas convertidas, muitos antigos pediam gasolina em galões, que nos EUA e outros países equivalem a 4,5 litros.
Nação
Um Estado tem na sua formação a nação, que é imprescindível à condição moral de um país. A Bíblia narra com propriedade o que é ser nação sem território, que foi o caso de Israel, cujo povo, livre da escravidão egípcia, perambulou por 40 anos pelo deserto, até que tivesse permissão para formar seu Estado. Moisés foi um líder do povo judeu pelo cumprimento das normas impostas ao seu povo, sendo real a história, ele foi o maior estadista de todos os tempos da existência humana. Começa com a escolha da passagem do Mar Vermelho, que a geografia comprova a existência de um local estreito e raso na maré baixa e totalmente ao contrário na alta; os hebreus guiados por Moisés, atravessaram sem levar nada como carga e pouca roupa no corpo, na vez dos soldados do faraó, vestidos com armaduras pesadas e com a maré subindo, foram sufocados pelas ondas. Lógico que na travessia alguns judeus morreram, assim como soldados desistiram da perseguição.
Na época bíblica narrada, a expectativa de vida era de 40 anos, o que levou os fugitivos à morte natural no deserto; e com o fim de todos, a mentalidade escrava acabou, entraram na Terra Prometida apenas os nascidos livres. Moisés também não chegou à Pátria, morreu antes. Coube ao irmão mais novo, nascido livre, entrar na Palestina. Sendo a terra insuficiente para todos, muitos se espalharam pela Terra e o destino de cada grupo, a história mais recente narra. A perseguição aos judeus aconteceu porque eles se diziam os únicos filhos de Deus e portanto, merecedores da Terra. Os judeus causavam medo aos demais povos porque eram vistos como potencial invasores, quando aceitos, se destacavam em todas as profissões e consequentemente, na geração de capital e acúmulo de bens materiais.
Estado
Além do povo, esteio de um Estado moderno, existem as instituições políticas e religiosas. Na ponta política surge o próprio Estado, que para se manter poderoso, não deixa o povo pensar. Muitos, mesmo não sendo teocráticos ou se mantendo laicos, permitem a interferência de religiões, que doutrinárias, não ensinam o povo pensar. O povo é refém em escalas diferentes, mesmo que simbólicos, do Estado, que em último recurso, ameaça o uso de leis elaboradas pelos representantes políticos, que paradoxalmente, são escolhas popular, processo conhecido como eleições.
Frase
“Não existem leis para obrigar alguém a me amar, porém, há leis que proíbem que me linchem” (Martin Luther King, ativista negro dos EUA, morto em 1963).
Corte
No tempo da escravidão brasileira, a carne bovina era nobre, apenas os ricos a consumiam. Os escravos tinham que se contentar com carne de carneiro, criados para isso.