HIDRO
Até o final dos anos 60, os serviços de água e saneamento básico das cidades eram municipalizados. Na década de 70, o governo estadual incentivou a estadualização do sistema e muitos munícipios aderiram. O estado de São Paulo criou uma companhia mista para atuar na capital e nas cidades do interior, a Sabesp.
Monte Alto foi um dos municípios que aceitou a gestão estadual, que no primeiro instante gerou dúvidas e temores na população por conta de boatos como elevação do preço da água e cobrança separadamente do tratamento de esgoto. No serviço municipalizado a gestão técnica por vezes era invadida pela política, o que tornava o serviço moeda de troca partidária. Motivo maior para a estadualização do serviço de água e esgoto de Monte Alto foi a escassez do precioso líquido, cuja falta era histórica, tornando-se motivo de piada entre a população. A Sabesp mudou tudo, investiu na captação de água e no tratamento de esgoto, comparado com o preço municipal, as tarifas de água e esgoto passaram a ser substancialmente maiores. A instalação de hidrômetro, um instrumento estranho para o povo, criou uma boataria entre os usuários, que acreditavam ter que pagar um tarifaço. No final, a Sabesp prevaleceu, Monte Alto nunca mais ficou sem água e o tratamento de esgoto cumpre as determinações internacionais. Muita gente local pensa que a empresa é municipal e quando acha conveniente dirige-se à prefeitura para reclamar.
SAQUE
Nos meados dos anos 70, no município de Guariba, o sindicato dos cortadores de cana provocou um movimento de greve, protestando contra as contradições de trabalho e salário da categoria. O sindicato recebeu o apoio de parte da população que estava insatisfeita pelos serviços prestados pela nova empresa no setor de água e esgoto, assim como nas tarifas cobradas. O sindicato resolveu alugar alguns caminhões para realizar um protesto em cidades da região, a primeira escolhida foi Monte Alto, que tinha um grande número de cortadores de cana e trabalhadores “boia-fria”. Os caminhões chegaram com trabalhadores portando facões, machados, podões, enxadas e pedaços de madeira, todos desceram em um abrigo de trabalhadores rurais e partiram para o centro da cidade, passando pelo Largo do Batismo (Igreja de São Benedito) e subindo pela Nhonhô. O comércio cerrou as portas, os proprietários de carro trataram de estacioná-los nas travessas, deixando a Nhonhô livre para os manifestantes. Quando chegaram no escritório da Sabesp, então fechado por precaução, depredaram portas e janelas e o arrombamento ficou na tentativa. Em seguida, continuaram o percurso até a rua que dava acesso ao Monte Alto Clube, devidamente fechado. Sempre gritando palavras de ordem, tomaram rumo do Mercado Municipal, onde invadiram, depredaram, saquearam e levaram o que podiam. O mercado ficou às ruinas, todos os comerciantes perderam tudo.
Nesse tempo, a tropa de choque da Polícia Militar, que havia sido chamada, esperou ordens de agir sediada no batalhão local. Chegado o momento, o batalhão munido de cassetetes e escudo, que batiam fazendo barulho ensurdecedor, partiram para o mercado, onde prenderam vários saqueadores, que colecionaram hematomas, melancias, bananas, mortadelas, salames e peças de carne bovina. Foi a primeira e última vez que o batalhão de choque baixou na nossa metrópole!
OLIMPO
Os jogos olímpicos do Rio de Janeiro superaram as expectativas do Brasil e do mundo. O sucesso criou um clima de ufanismo, que é próprio do brasileiro. Entre os melhores momentos, chavão das emissoras de TV, o destaque fica com Wanderlei Cordeiro de Lima, ao acender a pira olímpica. Ele foi o atleta mais injustiçado da história olímpica mundial, mesmo sendo reparado, em parte, no Rio de Janeiro. (Quem se esqueceu: Wanderlei, na maratona dos jogos da Grécia foi atacado por um bispo irlandês, impedindo nosso atleta de chegar na primeira posição).
REAL
A verdadeira olimpíada é a paralimpíada, na qual os participantes superam deficiências físicas com espírito participativo e igualitário. Na do Rio, em 2016, aconteceu a exaltação divina dos jogos paralímpicos, quando os pais de filhos deficientes mentais, entram juntos portando a bandeira olímpica mundial. Um dos pais inventou um calçado, cuja adaptação possibilitava o filho caminhar e jogar bola junto com o pai. Quem não chorou na entrada da bandeira, ainda tem tempo!
PLACA
Nas décadas de 50/60/70, oitenta por cento dos imóveis à venda e para alugar em São Paulo ostentavam uma plaquinha: Clineu Rocha – vende, ou Clineu Rocha – aluga. Foi a maior imobiliária da cidade e escritório de corretagem de imóveis. Sem mais nem menos, nos anos 70, seu titular, Clineu Rocha, convocou a imprensa para anunciar que, no dia seguinte, fecharia a corretora, deixando tudo para seus colaboradores assumirem. Ele disse que iria se dedicar à leitura dos clássicos de filosofia, porque queria morrer com o máximo de conhecimento possível, não com dinheiro. Depois da entrevista, nunca mais foi visto!
AVENIDA
No dia 15 de maio de 1881 era inaugurada na capital de São Paulo a avenida que viria a ser o símbolo paulistano: a avenida Paulista. No mesmo dia, a 400 quilômetros da Paulista, era fundada uma cidade, sem avenida, com apenas uma rua, era apenas um distrito: Monte Alto.
SEMANINHA
A famosa Semana de 22, um evento que mudou a arte do Brasil, aconteceu na capital paulista, reunindo os principais artistas, escritores e poetas paulistanos. O movimento foi liderado por Mário de Andrade. A Semana, como o próprio nome diz, aconteceu no ano de 1922, logo na primeira do ano. Curiosamente, a semana durou apenas três dias.