VOX POPPULI
A população brasileira clamava por reforma no ensino educacional do país. Foi atendida. O Ministério da Educação adotou aulas de religião nas escolas. Foi liberal de vez, todas as religiões terão direito a pelo menos uma aula por semana em cada colégio (o sistema poderá sofrer alterações). Os alunos terão liberdade para assistirem ou não as aulas. O credenciamento dos professores religiosos será por conta o diretor de cada estabelecimento de ensino.
Sofrendo mudanças operacionais ou não, o absurdo prevalecerá. Religião é doutrina, não é matéria escolar, porque o aluno recebe sua religiosidade em casa. O curioso foi o Supremo Tribunal Federal ter votado a matéria, quando deveria ser da alçada ministerial do sistema. O Brasil não é um Estado teocrático, se a escolha da religião é livre, como pode ser adotado no sistema educacional, que é obrigatório. Existe a ressalva: o aluno poderá ou não assistir aulas religiosas. Se o diretor do colégio tiver autoridade para adotar ou não as aulas religiosas na sua escola, que exerça seu direito trocando por uma aula de Moral e Cívica.
DIGITALISMO
Muitas pessoas dizem que os jovens estão aprendendo a escrever graças às mensagens de texto via internete. No máximo estão juntando as letras, pouco conseguem chegar a sílabas e raros são os que completam uma oração, no sentido rigoroso do texto. Abusam das frases feitas, dos clichês, das gírias e das abreviaturas semelhantes aos hieroglifos do Egito antigo.
Não vamos mencionar os KKKKKKKKKK e os coraçõezinhos e as carinhas sorridentes. Há também os que enviam mensagens por texto, ligando em seguida por mensagem de voz para confirmar o recebimento.
Façam o teste: selecionem aleatoriamente cem palavras das mensagens de texto de qualquer jovem (ou adulto) e corrijam basicamente os erros de português. Um aluno do primeiro ano de qualquer escola erra menos. Se quiserem selecionar frases, convidem o Mandrake para decifrar o conteúdo.
A internete (os usuários escrevem “internet” – o T mudo passa cultura), está “desalfabetizando” o jovem brasileiro que era um tanto “desanalbabetizado”. Tenho pena dos professores!
OCULTO
Quando perdemos alguma coisa e perguntamos se alguém achou, surgem os gênios que perguntam: onde você perdeu? (Se a gente soubesse onde o perdido estaria achado!)
TEVÊ
O imortal Sérgio Porto, humorista carioca, mais conhecido por Stanislaw Ponte Preta, dizia que a televisão (ela chegou na era dele) era uma máquina de fazer doido. Nem tanto, o canal Rede Brasil exibe um programa, cujo apresentador é o cantor Nahim, imperdível. Assistam antes de suicidarem-se!
COCHINIL
Quando os espanhóis chegaram à América foram matando nativos no atacado. Nos intervalos amarravam alguns nas árvores para uma aula de idioma nativo. Quando perguntaram a um agricultor como se chamava um animal próximo deles, em espanhol ou castelhano: “como lhe chamas?” o nativo respondeu tremendo de medo: lhama, lhama! O nome do bichinho ficou, é a lhama.
NAÇÃO
A sociedade mais perfeita da Terra é a das formigas. Atuam solidárias entre si, jamais se agridem e socorrem as que estão em perigo, conduzindo-as por caminhos seguros. O sistema de governo do formigueiro é a Monarquia absoluta, a rainha tem o poder de vida e morte sobre toda a população. Elas se defendem dos invasores atacando em bloco, criando um cinturão protegendo a monarca. As formigas soldado defendem o trabalho das operárias. Não existem nos formigueiros os trabalhadores escravos, são operários livres. Não possuem sindicatos!
QI ZERO!
Nunca consegui jogar xadrez. Não jogo o jogo da velha ou aquele da forquinha. Não sei jogar dominó nem gamão. O famoso “monopoly” (esse é o nome inglês), o nosso Banco Imobiliário, para mim, é uma equação quântica.
ZOO
O zoológico é admirável, vemos todos os animais fora do seu habitat, brincando, correndo, pulando como se estivessem no Jardim do Eden. Falta nos zoológicos do mundo todo, uma troca de turno, um dia os animais ficariam presos nas jaulas e os bichinhos soltos passeando do lado de fora, fazendo gracinha e tirando fotografias.
Não seria permitido alimentar os homens, é claro! As pessoas das jaulas que encostassem a cabeça nas grades teriam um afago dos animais de fora. Uma patadinha do tigre, um carinho do elefante e um beijo da jiboia. O zoológico, depois das senzalas, que ainda existem disfarçadas no fundão das fazendas amazônicas, é o que há de mais execrável na sociedade dita humana.
TABELA
Antigamente nos armazéns de secos e molhados, que sumiram graças aos supermercados, as mercadorias tinham preço geral, ou seja, o tomate custava o mesmo que o feijão, que a cebola, que a erva mate e por aí afora. Uma plaquinha marcando um réis era referência, e o cliente perguntava qual é, que produto valia o preço marcado. O vendedor respondia: qualquer um! Com o tempo a resposta foi abreviada na forma: quaisquer! Foi assim que surgiu a única palavra em português cujo plural tem o S no meio.
