HONORIS CAUSA
O Brasil é uma universidade cujos cursos exclusivos são a achologia e a opinologia. No país quem não acha, opina, são os achólogos e os opinólogos com o certificado rubricado pela consagrada “com certeza.” Quem acha apenas especula e quem opina geralmente o faz sem base. Uma resposta “achada” apenas aumenta a dúvida e uma opinião emitida se traduz numa fiel depositária da verdade. Quanto à famosa “com certeza”, é imperdoável. Não faz muito tempo a gente conversava com um anônimo parado embaixo de uma marquise, o prédio tinha dois pavimentos. Quando começaram a cair pingos de água, perguntei se estava chovendo e a resposta foi “com certeza”. Tava não! Era a faxineira lavando o alpendre do andar de cima.
SUI GENERIS
Monte Alto tem uma população dupla. Uma parte é composta de descendentes de famílias tradicionais, são os nascidos na cidade. A outra são os que chegaram no município para trabalhar e por aqui fincaram raízes. O curioso disso é que os nossos nativos se sentem no direito de criticar a cidade normalmente, quando reivindicam seus direitos de cidadãos, enquanto que os migrantes não podem fazê-lo porque nossos tradicionais moradores não aceitam críticas de forasteiros. Por aqui todos são iguais, ou melhor, parecidos!
SÍMBOLO
A famosa consoante S na camiseta do Super-Man (Super-homem) não é a inicial de super, trata-se da letra inicial da palavra “esperança” no idioma artificial do planeta Kripton.
MARGEM
O Rio Tietê é o único de grande porte no país que corre para o interior, caminho inverso dos outros, que correm em direção ao mar. O Tietê deságua no Paranapanema, que é afluente do Paraná, que deságua no Rio da Prata, este vai para o Oceano Atlântico.
Nosso velho Atlântico é quem “enche” o Mar Mediterrâneo, que não tem rios desaguando nele, seu nível é mantido pelo Atlântico e pelas chuvas.
PRATO
Vegetariano é quem se alimenta de vegetais e vegano é aquele que come os mesmos vegetais e não consome derivados de animais, como leite e ovos, que os vegetarianos comem.
TERRA CERCADA
As Ilhas Canárias, antiga colônia portuguesa no Atlântico, recebeu o nome porque na sua descoberta era habitada por uma população canina imensa. Em dialeto no interior de Portugal, se tinha cães eram canárias. Também era pródiga em pássaros canoros (que cantam), em particular uma espécie de cor amarela, se viviam nas Canárias, eram canários. Pelo menos na etimologia, o canário surgiu do cachorrinho. Coisa de português!
CARIBE
A ilha de São Domingos era uma colônia francesa até 1790, sua população era composta de praticamente 70% de escravos negros, oriundos da África. Com vários líderes em pontos estratégicos, os negros fizeram uma revolução, libertando a ilha do jugo francês. Livre, mudou o nome para Haiti, atualmente o país mais pobre da América. Os franceses e demais brancos que não foram mortos pelos revoltosos fugiram para a França e outros países da Europa ou para os EUA.
O Haiti passou por vários sistemas de governo, de república e monarquia, passando por ditadores de toda a espécie, todos governando com brevidade, depostos por revoltas de todas as origens. Onde você leu monarquia, confirmamos que o Haiti foi o primeiro país independente do hemisfério sul a ter um rei, Henri Cristophe, um ex-escravo revolucionário, que no trono se deu o título de Henri I. O reinado de Henri I durou dez anos, ele se suicidou em 1816, depois de sofrer um derrame. O rei era excêntrico, construiu cerca de 12 palácios suntuosos para abrigar a monarquia, além do principal, destinado ao governo, importava suas roupas e as de seus súditos da Europa, também comidas caras e joias. Ao assumir o trono, Henri I não encontrou uma forma normal de legalizar uma moeda de circulação nacional, ordenou então que todas as cabaças (espécie de moringa vegetal) existentes na ilha fossem confiscadas e levadas a um depósito, que se tornaram a moeda oficial haitiana. Era um Sérgio Cabral caribenho!
O Brasil, portanto, não foi a primeira monarquia do Novo Mundo, o troféu foi do Haiti, que teve um rei duas décadas antes. Na história, Henri I, D. Pedro I e D. Pedro II foram os únicos monarcas das Américas.
OSSADA REAL
Alexandre ficou com a fama de conquistador do mundo; porém, ele encontrou tudo dominado pelo seu pai, Fellipe II, considerado imperador do mundo, dono de todas as terras (as conhecidas, é claro). Fellipe foi assassinado e seu filho subiu ao trono. Alexandre anexou outro tanto de conquistas aos domínios do pai, como obrigava os povos conquistados a jurarem lealdade e a reconhecê-lo como o maior do mundo, foi consagrado na história como Alexandre, o grande.
Seu conterrâneo, o filósofo Diógenes, não morria de amores por nenhum dos dois, pai e filho. Diógenes conheceu Fellipe por pouco tempo, e Alexandre, a vida toda. O filho repetia o que o pai dizia de si mesmo, que seria imortal, reconhecido por todo o mundo que ele havia conquistado. Certa vez, Diógenes foi visto por Alexandre, remexendo em uma ossada formada por dezenas de corpos de cidadãos macedônicos. Ao ser perguntado porque fazia aquilo, Diógenes, que era da escola cínica, respondeu: “estou tentando reconhecer os ossos do seu pai”.
