TEORIA
A era da tecnologia está ainda na fase embrionária. A tecnologia de ponta ou alta, mudará a face da humanidade, eliminando principalmente as profissões que utilizam a capacidade humana de interação, os argumentos de um advogado, por exemplo, terão peso reduzido em um processo civil ou criminal, a sentença será técnica, tomada pelo juiz diante dos dados processuais condensados por um computador municiado pelas leis e a jurisprudência tecnológica, que terá a sentença final, que o próprio juiz não terá poder judicial para alterar. Os jurados atuais serão substituídos por inteligências artificiais processadas pelos jurados legais, que mesmo diante de sentenças diferentes arquivadas na memória de cada um, terão poder incondicional de julgamento, com sentença técnica, eliminando o emocional, o grande culpado atualmente pela injustiça criminal.
Outra profissão que lamentavelmente será eliminada pela alta tecnologia, será a de professor, que passará a ser um mero coadjuvante na sala de aula, que terá um formato de laboratório, com os tubos de ensaio substituídos pelo hoje chamado tabletes, nos quais os alunos se interagirão com todas as inteligências do planeta. Cada aluno aprenderá o que quiser, quando quiser, se quiser, o próprio sistema terá a incumbência de aprová-lo, censurá-lo, corrigi-lo ou reprová-lo, transportando à fases anteriores do sistema de ensino, monitorado pelo sempre Estado. Nossas futuras crianças serão robozinhos, sem o carinho acalentador do professor. Teremos muitos gênios, é verdade, que terão nas mãos o código de DNA próprio e de todos, em segundos; se tiverem necessidade de somar dois mais dois o resultado será mais demorado do que a decofidicação de uma célula estelar.
Um bom recurso será contar nos dedos para chegar a quatro rapidamente!
HUMOR
O considerado pai do humorismo brasileiro, Aparício Torelly, autodenominado o Barão do Itararé, era comunista de carteirinha. Foi preso várias vezes pela ditadura Vargas, a quem não poupava críticas e escracho. Ele tinha pronta uma malinha, com o que precisava na cadeia. Era preso de manhã e liberado à tarde.
Quando o partido comunista saiu da clandestinidade, o barão foi eleito vereador pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Seis meses depois da posse, em função da cassação do PC, ele foi destituído do cargo e preso. Na hora de assinar a ata final, ele declarou: saio da vida pública para entrar na privada. (No corredor contíguo à mesa da casa, rota alternativa para deixar a câmara, havia o banheiro usado pelos verdadeiros).
SANFONA
Nos bailes antigos da zona rural, o salão era improvisado nas tulhas e silos. Construíram um palco e colocavam bancos de madeira rente às paredes, nas quais as moças se sentavam, à espera do pretendente. As bonitas eram as mais procuradas e faziam o seu charme (no popular recebiam outro nome). A recusa da dança era chamada de “dar tábua”. Como tudo no nosso interiorzão é deturpado, diziam também que levavam tábua as moças feias que ninguém tirava para dançar. Em Monte Alto o mais famoso baile rural acontecia no Esquim. O dono era da família Zaniboni.
FARSA
Quando o resultado de um jogo de futebol, ou de outra modalidade esportiva, tem um placar suspeito de combinação entre adversários, dizem que foi marmelada. A frase passou para a política e outros setores da sociedade. Em tese, tudo que parece ou tem suspeição, é produto de uma marmelada. Um doce delicioso feito com o marmelo, fruto que praticamente não tem no Brasil. Um grande produtor é o Uruguai. Nossas indústrias alimentícias importam o marmelo “in natura” e processam o doce. A marmelada é macia e saborosa, uma deliciosa sobremesa e antigamente muito usada na cabeceira da cama dos doentes, idosos e parturientes.
No sentido figurado, a marmelada procede, porque os participantes da farsa em questão, mastigam entre si o doce, que é peculiar, fácil de mastigar e de enganar quem acredita na dificuldade de digerí-la. Enfim, essa coluna não é marmelada!
EDIL
O brasileiro municipal tem nas Câmaras Municipais sua representação política mais próxima e mais importante, porque fazem as leis e fiscalizam o poder executivo e recebem denúncias populares. Enfim, os vereadores estão sempre perto dos munícipes, na vida social, profissional, tanto urbana como rural. Ainda assim, o despreparo político do cidadão o faz pensar que o cargo maior na cidade é o de prefeito, quando eletivo; ou o de um juiz de direito, como representante do poder judiciário. Surge então a clássica afirmação: “para vereador qualquer um serve”. Assim dizem e assim votam, sem critério, sem conceito e por impulso, muitas vezes o voto é uma contradição política.
Certa vez, um eleitor confessou seu voto a vereador depois da eleição, o que o bom senso não o permitiria fazer. Ao revelar o voto deu-me a liberdade de perguntar a razão. A resposta: “ele foi o único que parou para me ajudar a trocar um pneu furado, mesmo com chuva”.
(O voto seria justificável se a Câmara Municipal fosse uma borracharia).
PROPINA
O corrupto tem o direito de sê-lo, cabe ao Estado combatê-lo e à sociedade de impedi-lo. A corrupção não lhe dá o direito de ser burro e idiota, como aqueles que foram presos diante de recados gravados no computador, das planilhas com nomes e agendas com endereços dos envolvidos no esquema, além da ostentação de riqueza, da ascensão social e da participação política, passando a frequentar os ninhos de cobras do parlamentarismo. Ao corrupto, um diploma de burrice é conceder o divórcio ao cônjuge. Ex-esposa (ou marido) é o maior inimigo de qualquer processado na justiça.