VOTO
Os povos descendentes dos latinos agem emocionalmente, principalmente na política, elegem candidatos pelo perfil pessoal e domínio da oratória, a promessa de campanha tem o mesmo valor da ação prometida. Em tese, a democracia não combina com os princípios latinos, entre os quais basta o arrependimento para que o crime tenha perdão.
Outros povos, mesmo com referência ao conceito Estado, são pragmáticos, agem e decidem com razão, em qualquer circunstância. Nas questões políticas o pragmatismo é fundamental e um criminoso que se arrepende continua o mesmo, até que haja prescrição legal.
Um exemplo que o mundo não pragmático não entendeu aconteceu em 1945, quando o primeiro ministro da Grã-Bretanha participava de uma reunião com os líderes dos aliados, que venceram a Segunda Guerra Mundial, e aclamaram Wiston Churchill como mediador, por merecimento e liderança, em Londres era realizada a eleição para o cargo. Apurados os votos, Churchill foi derrotado perdendo o direito de participar da cúpula aliada, como herói para o mundo e incapaz de governar seu país na paz, que ele mesmo conseguiu. Se fosse um país latino, ele seria coroado rei.
TRONO
No final da Segunda Guerra Mundial, um dos países derrotado foi o Japão, que rendeu aos EUA, depois das duas bombas atômicas detonadas sobre Hiroshima e Nagasaki, uma em 6 de agosto de 1945 e a segunda, no dia 9 do mesmo mês.
Depois da primeira bomba, o presidente dos EUA, propôs a rendição incondicional do Japão. O imperador Heroito, aconselhado pelo seu primeiro ministro, que afirmou-lhe ser a bomba um artefato sem tanto perigo (ela matou 80 mil pessoas na Hiroshima). Com a recusa, a segunda bomba foi detonada, dizimando outras 80 mil vítimas civis. Imediatamente Hiroito se rendeu.
No filme biográfico, Hiroito, que para muitos japoneses era imortal, foi à sede do governo em Tóquio para oficializar a rendição, parou na porta do lado de fora como se esperasse alguém abri-la. Um oficial do exército nipônico resolveu o impasse, abrindo a porta para o imperador depor as armas para o general americano Mac Arthur. Hiroito não abriu a porta, porque em toda sua vida protocolar, jamais teve que abrir qualquer porta palaciana. Quando foi dispensado por Mac Arthur, voltou à porta, na qualidade de derrotado, simples mortal, segurou a maçaneta e abriu a porta.
MANO
O conceito amizade existe, porém, a figura real do amigo, na realidade está a milhões de ano-luz. Ser amigo ultrapassa a compreensão humana, transcende sentimento. Um amigo é doação incondicional, que exige a mesma reciprocidade.
No filme, O Poderoso chefão, Don Corleone, interpretado por Marlon Brando, aconselha o filho Machael, seu sucessor na família: “mantenha os inimigos por perto e os amigos mais perto ainda”.
LIVRO ABERTO
A palavra mesário para definir a pessoa que atua numa eleição recebendo os votos, obviamente surgiu da mesa que ele trabalhava. Lá pela década de trinta do século passado, o voto era aberto, o eleitor escrevia seu nome no livro do seu candidato preferido, que ficava aberto sobre a mesa. Se o eleitor tivesse dúvida, o mesário sugeria um candidato. Quem não sabia escrever (ler não precisava) fazia a cruz ou um xis na frente do nome do candidato, no livro dele, é claro!
Meu saudoso avô me contou que o avô dele contava que a mesa padrão no local do voto tinha duas gavetas, na primeira ficavam os livros, na segunda uma garrucha, com munição. Quando o eleitor queria votar em um candidato que não era o mesmo do “cabo eleitoral mesário”, a segunda gaveta era estrategicamente aberta deixando à mostra a garrucha persuasiva. Naquele tempo, quando se dizia: “minha vida é um livro aberto, era literal”.
PERDIDOS
Entre os objetos mais esquecidos pelas pessoas, os óculos ficam em primeiro lugar. Dizem que é o guarda-chuva. Não é, porque é menos usado. O que ninguém esquece ou perde é o telefone celular. Ele está acoplado no cérebro, invertendo o processo, o celular fica no crânio e os neurônios são esquecidos.
LOTEAMENTO
Quando o Brasil era colônia (ué, não é mais?) a rainha de Portugal, D. Maria I, tinha a mania de distribuir lotes de terras devolutas no Brasil, para amigos da Coroa Portuguesa. Um dos premiados foi um amante, o qual foi descoberto traindo sua majestade. Ele ganhou um pedaço de terra que na época era chamado de Capitania Hereditária, o dono da terra tinha o direito de lotear sua área em sesmarias, ou seja, em 6 donos, que demarcavam a propriedade com cercas imaginárias. A lenda reza que D. Maria I, depois que o amante veio embora, começou a ficar louca, até que seu filho D. João VI, assumiu o trono e em 1808 veio com ela ao Brasil.
A rainha, no Rio, gostava de passear na praia em companhia de várias camareiras que a seguiam à distância. Nasceu a expressão: lá vai Maria com as outras! (as acompanhantes, mesmo tendo vontade de passear em outro local, tinham que seguir a soberana; quem não tem opinião, até hoje, é uma Maria vai com as outras).