REDE
O Estádio Municipal de Monte Alto sempre foi do mesmo tamanho. O muro que o cerca nunca mudou. Nas partidas de futebol, as bolas eram raras, uma ou duas; muitas vezes, um jogador dava um chutão e a bola do jogo sumia pelas vizinhanças.
O time que estava perdendo, para ganhar tempo e esfriar o jogo, logo dava um jeito de ordenar um jogador para chutar a bola fora do estádio. A disputa ficava sem bola, interrompida, até que alguém chutava a pelota de volta. Muitas vezes demorava tempo precioso. Com o tempo inventaram as bolas reservas, o que levou muita gente da vizinhança do campão a colecionar bolas perdidas. Até hoje famílias se vangloriam de ter bola perdida em casa, não devolvida!
TRAVE
Além do campão (o oficial) em Monte Alto existiam dezenas de outros campos rudimentares, sem rede, sem marcação e sem grama. Nos domingos, o proletariado se divertia formando times de acordo com o setor exercido nas fábricas. Alguns diretores de empresas participavam do jogo como convidados, para fazer média e desespero dos sindicalistas. Até por uma questão física, muitos diretores não tinham domínio de bola como seus funcionários. A ruindade era compensada pela ajuda que recebiam dos “puxa-sacos” nos lances da partida, a atual assistência.
Quando um diretor marcava um gol, a hipocrisia vinha com tudo, abraços, elogios, tapinhas nas costas e tudo o que tinha direito. Caso o elogiado fosse o “poderoso chefão” a máfia era completa. Até os sindicalistas aderiam!
PENALTI
Abaixo dos campos, existiam os campinhos usados pelos terrenos vagos, nos quais a molecada da escola fazia a festa, deixando a vizinhança louca com as bolas nos quintais, nas hortas e nos jardins. Muitas donas de casas não devolviam as pelotas extraviadas pelo chutões, muitas as assassinavam à faca. Isso fazia delas as bruxas do quarteirão. Sem bola não havia jogo. Outra decepção era quando o proprietário do terreno vago resolvia construir sua casinha de operário. A gente ficava feliz pela conquista dele e triste pelo fim do campinho querido. A função era procurar outro local, o que não era difícil, a bola não podia parar.
O campinho era pequeno, no máximo de 15×30 metros, o que fazia tudo ser de pouca dimensão, tamanho do gol, marcas de pênalti, escanteio e áreas de impedimento.
Como em qualquer evento que reúne um grupo diferente de pessoas, nos jogos de futebol dos moleques, sempre havia os dissidentes, os chatos e os contras. Um dos revoltados era o Laurindo, que certa vez pediu para bater um pênalti. Autorizado, correu para a bola, mudou o ângulo das pernas 180 graus e chutou a bola para o próprio gol. Fez contra e liquidou a partida. Não chegou a ser linchado porque os moleques não sabiam o que era linchar!
VERBETE
Quando uma pessoa tem dificuldade em lidar com números, ela sofre de descalculia. Mesmo a famosa equação dois mais dois tem variante; às vezes, o resultado é cinco. Isso acontece quando a conta está errada!
CADEADO
Antes do velório, em Monte Alto, os mortos eram velados em casa e depois conduzidos ao cemitério, sempre com cortejo passando pela Rua Nhonho. Noutras oportunidades registramos que o comércio, durante a passagem do corpo, cerrava as portas em sinal de respeito. Não perdemos a chance de dizer que as portas eram fechadas mais ou menos tempo, de acordo com a condição social do morto, ou melhor, a família dele, morto é tudo igual!
A história de cerrar as portas tem uma passagem hilária, quando o patrão de um aprendiz de comércio, que também era caixieiro ou balconista, ao ver um enterro disse para ele cerrar as portas. O enterro passou e estava na outra esquina, quando o patrão deu a bronca no moleque: “por que você deixou a porta aberta?”. “Senhor, eu não achei o serrote para cerrar”.
TEORIA
Os EUA adoram teorias da conspiração. Na Segunda Guerra Mundial os estados que formavam o país estavam divididos se participavam ou não do conflito. Dentro do governo ocorria o mesmo. As forças armadas se dividiam. Em 1941 o Japão atacou a base norte-americana de Pearl Harbor, deixando 2.400 mortos, 300 aviões abatidos, 20 navios e o orgulho da frota, o Encouraçado Arizona. Os japoneses enviaram mensagem 24 horas antes do ataque ao seu alto comando, mesmo com a intercepção ianque, nada foi feito. Até hoje prevalece, para muitos, a conspiração que provocou a participação do país na guerra.
O Onze de Setembro também passou à história como uma conspiração bélica, para manter o país como xerife do mundo. Sobre as Torres Gêmeas, dizia-se que parte do governo sabia do ataque. Os 2.800 mortos era o efeito colateral. Para reforçar a tese, na lista dos mortos, os norte-americanos são poucos.
No Brasil, várias Teorias da Conspiração foram especuladas e realizadas, na ditadura de 64/84 ambos os lados plantaram atentados, atribuindo-os à outra parte. O caso mais famoso foi a Bomba do Rio Centro.
TEORIA LUSA
Um Teoria da Conspiração que durou mais de um século, aconteceu no início dos anos 1.600, quando Portugal foi dominado pela Espanha e não tinha um herói nacional para os lusos venerarem. Inventou-se então que o Rei D. Sebastião, derrotado pelos mouros na batalha de Alcácer-Quibir, estava vivo porque seu corpo nunca foi encontrado, embora soldados portugueses juravam tê-lo visto em plenas batalhas. O Rei D. Sebastião teve sua lenda divulgada até no Brasil, em Natal, no RN, existe uma praia onde muitos encontram o rei com seus soldados. Os que contestam dizem que a lenda foi montada para manter a lusitanismo no Brasil.