EDILIDADE
As câmaras municipais brasileiras são as bases políticas do Brasil, totalmente independentes. Em tese! Na realidade, os vereadores obedecem uma espécie de código de ética, no qual respondem hierarquicamente aos deputados estaduais, aos parlamentares federais (Deputados e senadores), tudo informalmente. Isso não compromete a governalidade municipal; porém, faz dos edis afilhados políticos moralmente.
Esse procedimento nacional fica claro nas campanhas eleitorais, nas quais vereadores fazem questão de anunciar que recebem apoio político dos seus pares estaduais e federais; muitas vezes e em vários municípios o apoio logístico vem acompanhado de verbas formais e até de inclusão do famoso caixa dois, proporcionando uma injustiça nas campanhas legislativas municipais, comprometendo a democracia. Quando o vereador recebe apoio político eleitoral de membros de outras casas legislativas, ele se torna refém políticos do seu partido em escalões mais altos e a Casa Legislativa onde atua, uma reduto de forças políticas alheias à cidade que representa. Os municípios não precisam de paraquedistas!
LUSO
Em Portugal ,os olivais constituem-se na maior plantação agrícola do país. As plantações deixaram de ser pelos métodos seculares tradicionais. As oliveiras são plantadas em áreas limitadas, para evitar pragas e doenças, além de facilitar a colheita mecanizada, isso mesmo: mecanizada! As máquinas colheitadeiras são modernas e eficientes, com perda mínima na colheita. A funcionalidade das colheitadeiras depende da posição das oliveiras, cujas mudas obedecem um esquema técnico no plantio. A haste maior da planta precisa ficar do lado que o vento sopra em cada região, que no crescimento se dobra, ficando na posição propícia à máquina de colheita. Uma pergunta sempre surge em relação à escassa plantação de oliveiras no Brasil. Mesmo que as nossas terras não sejam férteis como as portuguesas, o Brasil não tem olivais, porque o brasileiro não plantaria um produto agrícola que demora 15 anos para produzir. Por aqui o pessoal planta cebola, em 6 meses ela produz. Azeitona a gente importa!
QUILATE
Depois das conchinhas e sementes diversas, apareceu o primeiro metal usando como unidade de valor, foi o alumínio, que ao ser descoberto na Europa, tinha um custo muito alto na extração do metal da rocha original. Isso foi em 1620 e por mais de 100 anos, os objetos de alumínio valiam mais do que o ouro. Para comprar um quilo de alumínio eram necessários dois de ouro. Em 1860, na França, o Imperador Napoleão III, sobrinho do Bonaparte original, bancou uma festa monumental no seu palácio; para os convidados de elite, ele mandou fazer talheres de alumínio, enquanto os convidados de nível mais baixo e a criadagem tiveram que se contentar com os talheres convencionais: de ouro!
VALOR
O dinheiro que você PENSA que tem, você tem exatamente porque você PENSA. Qualquer dinheiro no mundo é subjetivo. O valor de cada moeda depende do nível de aceitação. O dinheiro compra qualquer coisa que o vendedor aceita a moeda como troca.
CONTO
Abaixo de nós, em qualquer cidade dita saneada, sempre há uma tampa de bueiro. Ela existe, em toda sua oponência, ferro pesado, letras em relevo e um código secreto que a identifica, não para nós, os leigos, mas para os que cuidam da rede. Ninguém duvida da existência da tampa de esgoto, mesmo que nunca tenha olhado para ela, muitas vezes pisando sobre ela. A tampa de esgoto jamais foi objeto de meditação ou de comparação. Meditar sobre ela e elevar-se ao céu, como se ele fosse outra estrela no firmamento. Ela é real, é uma estrela que podemos pisar, logo ela existe, as outras que vemos longe, mal sabemos se existem e quando olhamos para elas vemos apenas uma luz morta. Lá não tem estrela nenhuma, tem uma luz falsa que a tampa de esgoto não tem, a luz dela não vemos porque não olhamos nela, perdemos nosso tempo olhando para estrelas que não existem. Elas, as estrelas, também olham para nós, que não existimos. As tampas de esgoto olham para nós e nunca devolvemos o olhar. As estrelas são sonhos, as tampas de esgoto, nossas vidas!
Acabo de escrever e ouço uma voz, veio de baixo, dizendo: “eu sou tampa de bueiro, não de esgoto, tampa de esgoto são as estrelas e quem nelas acredita.”
CORDA
Originalmente a palavra alpinista identificava quem escalava os alpes. Com o tempo, os alpinistas idiotas se multiplicaram e todos que escalavam montanhas, como o sistema Cantareira, a cordilheira dos Andes, o Himalaia e outras saliências geográficas. Entre os idiotas estão aqueles que saem de casa, deixando o conforto para encarar a neve, a chuva, o frio, vestindo roupas de pele grossa, calçando sapatos de sola de ferro, luva de pregos, chegando ao pé de um pico chamado Everest, cuja ponta nem o olhar alcança, e começa a subir. Mais da metade desiste e outra metade morre, muitas vezes morrer é sumir. Um entre mil chega ao topo, finca uma bandeira e escreve o nome, nacionalidade e endereço. Finda a missão, volta escorregando, caindo, rasgando a roupa, perdendo o pé e as luvas. Ao voltar para casa é um herói, porque falou que deixou uma bandeira no topo, que ninguém viu, ninguém verá e outro a chegar depois dele, o Idiota II, que chegar no mesmo lugar, no mesmo topo, arrancará a bandeira fincada e colocará a dele. Os heróis da dinastia Idiota jamais serão lembrados, a menos que morram!
