Todos sentem culpa. Uns mais que outros. Alguns em excesso. Sentir culpa em excesso pode levar a um processo de adoecimento emocional. Não sentir culpa nunca pode indicar traços de personalidades com problemas mais sérios.
Sentimos culpa por não conseguir tudo que queremos, por achar que somos responsáveis por algo que não controlamos, por ter pouco tempo para a família, por não ver as crianças crescendo, por comer demais e por não fazer exercícios. Para algumas pessoas sentir tudo isto pode não ser uma dificuldade. Para outras, pode provocar grandes limitações, às vezes, sem nem mesmo a pessoa se dar conta que o problema está na cobrança que faz de si mesmo.
No conceito psicanalítico, a culpa tem a ver com valores morais como, por exemplo, prejudicar alguém e sentir remorso por isto. Mas, quem se sente culpado em excesso não precisa fazer nada de errado para se sentir assim, basta ter a sensação de responsabilidade sobre situações que não tem controle, sobre trabalhos que não são sua atribuição, sobre o comportamento ou sucesso de pessoas queridas.
No trabalho, estas pessoas gostam de assumir todas as tarefas, inclusive as que não são suas e estão sempre dispostas a assumir compromissos dos companheiros.
Nos relacionamentos, a pessoa culpada não consegue perceber que não é responsável pela felicidade do parceiro. Aliás, ninguém é. O primeiro grande responsável por estarmos ou não bem somos nós mesmos.
Quem vive de culpa acaba por se anular, pois, direciona grande parte de sua energia para a tentativa de realizar e satisfazer as necessidades do outro. Como não consegue, mesmo que em algumas vezes tenha sucesso, se culpa ainda mais. E não conseguir algo nos faz sentir uma infinidade de sentimentos de insatisfações, frustrações e carências.
Quando tentamos achar culpados ou responsáveis por alguma situação ou atitude, geralmente corremos o risco de atribuir a alguém um poder de interferência que nem sempre existe. Quando achamos que só nós somos capazes, sozinhos, de prejudicar ou ajudar uma pessoa ou situação corremos o risco de viver eternamente insatisfeitos, ou por fazer o mal ou por não conseguir promover sempre o bem.
Sentir culpa não é de todo ruim. Não saber lidar com ela ou viver em função deste sentimento é. Quando isto acontece e se torna constante é hora de repensar por que estamos nos sentindo assim, qual situação nos leva a pensar desta forma e, quando necessário, buscar ajuda.
A vida real não comporta super-heróis, mas, pessoas de carne e osso com suas habilidades e limitações, realizações e frustrações. E com culpa na dose certa.
