Aprende-se com as vivências

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Às vezes tento me importar com a divisão de ideologias e pensamentos que a educação vem sofrendo. Tento me inserir na situação sem ser intolerante e às vezes me zango por saber que tem pessoas que lutam por uma causa que não vivem. Mas o mundo é assim – ninguém pensa igual e ninguém vai mudar o mundo sozinho. Portanto, decidi exercer aquilo que estudei e me dedico todos os dias – lecionar. Decidi passar ( também fazer com que construam)  o conhecimento que venho adquirindo com as minhas vastas leituras e observações sobre como melhorar o desempenho do meu aluno. Afinal, não posso mudar o mundo, mas posso mudar o mundo de um aluno. Posso encaminhá-lo para a poesia, para o gosto da leitura, para contar uma história, para inspirar. É importante discutir a situação política que vivemos hoje em dia, mas mais importante que isso é exercer a profissão com soberania. As ideologias vêm com o tempo, com vivência e com a leitura. Eu prefiro falar dos autores do Neorrealismo de 30, da poesia do terceiro tempo modernista do que falar sobre política. Deixo o aluno associar a crítica que fazia os autores da época com a realidade de hoje em dia. Eu prefiro falar de Caetano, Elis Regina, Raul Seixas, entre outros que fizeram da música uma manifestação crítica ao sistema de governo daquela época. Vou deixando os discentes nas suas digressões para que possam tirar suas próprias conclusões através da música e da literatura. Basear-se no literato e na riquíssima música popular brasileira é uma forma de entender o porquê as coisas acontecem hoje em dia. Vivemos um movimento delicado da cultura e política. Nada como explanar as ideologias dos autores e compositores do passado para que os alunos associem a situação hodierna com o grito daqueles que vivenciaram uma realidade pior do que esta que estamos vivendo. Não vou expor o que penso sobre uma determinada causa. Isso é muito subjetivo. Posso durante algumas explicações citar exemplos, mas sem defender uma causa que venha deixar um desconforto político. Deixo apenas as interrogações. As respostas para esses alunos surgirão com o tempo. Com as dificuldades que enfrentarão no decorrer da vida. Tudo vira reflexão. Dessa reflexão surgem as ideologias. É ai que se constrói o ser. É nas suas vivências e observações que se chega a um princípio. É através de muita leitura que se entende os dois lados da moeda. É através dos tropeços que tiramos nossas próprias conclusões, afetos e desafetos. Se for para odiar, que aprendam com a vida; se for para amar, que possamos encaminhá-los na estrada lírica desse sentimento. É bom deixar bem claro que neste mesmo caminho encontrarão pessoas com diferentes pensamentos e filosofias, e que por algum motivo, decidiram a odiar do que amar. É neste momento que poderão usar toda a sua vivência para concretizar que, quem doutrina é a própria vida.

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