O conhecimento, a troca de informações e o encaminhamento de crianças em idade escolar para avaliação e seguimento terapêutico se faz cada vez mais comum e necessário, levando-se em conta o processo de inclusão escolar e as necessidades educacionais especiais que este processo agrega. São muitos os alunos que apresentam, em sala de aula, diversos problemas como déficits de atenção, hiperatividade e outros transtornos que exigem cuidados profissionais.
A escola não pode ignorar seu compromisso com a qualidade da educação para todos e nem deixar de treinar seu olhar para a individualidade de cada aluno. Saber identificar quando, como e para quem fazer um encaminhamento é uma questão muito importante, pois, se esta orientação demorar pode acarretar prejuízos significativos e dificuldades no tratamento.
Não realizar estes encaminhamentos pode fazer com que situações simples se tornem críticas e de difícil solução. Em qualquer área de atenção à saúde infantil, a intervenção precoce é essencial na prevenção e na prática terapêutica.
Observam-se dificuldades para que estes encaminhamentos aconteçam por vários motivos: a rede particular de ensino teme que os pais não aceitem a dificuldade exposta e culpe a escola pelo mau desempenho, retirando a criança da instituição; o professor sente-se cobrado a dar conta de todos os problemas de seus alunos enquanto outros acham que não tem nada a ver com as dificuldades da criança, pois estas decorrem do ambiente familiar.
O contato contínuo e a possibilidade de trocas entre a escola e os profissionais são essenciais para identificar os casos que necessitam de suporte terapêutico. A maior dificuldade encontrada pelos educadores é justamente o momento de abordar a família e como explicar ao pai a dificuldade observada. Um erro muito comum é convocar os pais para uma conversa somente para comunicar as dificuldades dos filhos e não apresentar nenhum tipo de proposta ou solução possível para o problema esquecendo-se, também, de apontar os aspectos positivos do desenvolvimento do aluno e suas potencialidades.
O encaminhamento para profissionais de saúde deve ser feito sempre que houver alguma barreira no desenvolvimento ou na aprendizagem infantil nos casos em que a escola, por si só, não consegue identificar a causa do problema ou mesmo não tem recursos para fazer uma intervenção eficaz.
Muitas escolas já contam com o suporte de profissionais e, antes de abordarem os pais, procuram se informar sobre o problema observado e até mesmo os convidam para observar a criança e orientá-los como proceder com aquele caso. Em algumas situações, este olhar terapêutico que vem de fora da sala de aula contribui para a melhor compreensão da dinâmica do aluno e, às vezes, algumas orientações e recomendações simples podem até serem feitas no momento, melhorando muito a qualidade de aprendizagem daquela criança.
Problemas escolares podem ocasionar dificuldades na interação social, sentimentos de inadequação, distração e falta de interesse. Nem sempre estes problemas são as causas das dificuldades de aprendizagem, ao contrário, alguns comportamentos podem surgir em conseqüência destas dificuldades. Por isto, quanto antes a criança for avaliada e receber o atendimento adequado, menos tempo permanecerá exposta aos rótulos produzidos pelo grupo e mais chances terá de resgatar a autoconfiança e o interesse em aprender.
Direcionar a criança que está apresentando alguma dificuldade é um compromisso e uma questão ética de cada escola, um sinal de consciência e da responsabilidade que a educação deve ter com os alunos colocados sob os seus cuidados. Ainda que exista dificuldade de aceitação de alguns pais, este posicionamento demonstra zelo, prudência e cuidado com o bem-estar global de nossos filhos.