CÉDULA
A lei eleitoral do Brasil acertou em limitar o tempo da campanha em 2016. Os candidatos falando menos cometem asneiras menores e as contradições de praxe não acontecem. O tempo menor na mídia beneficiará os candidatos que terão uma exposição pequena para a avaliação do eleitor. Os projetos de governo sintetizados passam despercebidos ao entendimento do eleitor, que os avaliam como promessas eleitoreiras, votando como sempre, nos que mais prometem.
O leitor não deve se esquecer que, ao participar das eleições votando, estará participando de um balcão de negócios partidários, que passam ao largo do sistema democrático. Isso continuará no país, enquanto as coligações persistirem, continuarem contaminando a liberdade idealística. A mesma lei eleitoral, que acertou no tempo de campanha, permite o voto nulo e branco, que é exercido pelo eleitor como válvula de escape, para não escolher o menos pior e mostrar pela livre escolha que não é vítima da esperteza e da manipulação politiqueira que assola o Brasil. Podemos ter até 100 partidos registrados, sem ideais, desde que as coligações não aconteçam ou mesmo o apoio explícito de um com outro ou vários.
PAPEL
Um erro de avaliação no Brasil tem acontecido desde que foi adotado o sistema eletrônico de voto. O sistema não beneficia em nada o eleitor, que vota instantaneamente, porque pensa que o tempo na urna é limitado, quando cada um tem o tempo que quiser para escolher (muitos usam o verbo digitar) e validar o voto.
No tempo da cédula de papel, o tempo também era livre. O preenchimento da cédula permitia uma reflexão, antes de fechar o voto, ainda que não fosse necessário, porque a maioria chegava à urna com o voto decidido. A curiosidade do papel acontecia na apuração, onde acontecia de tudo nas manifestações no voto, que ao fugir das regras estava automaticamente anulado. Até a mãe de certos candidatos recebia voto. Um partido, o f.d.p. – sempre era bem votado!
PODER
Não faz muito tempo que a inteligência brasileira criticava, através da mídia, os brasileiros despolitizados, que não sabiam os nomes dos seus políticos no poder e decoravam a escalação do seu time preferido e da seleção brasileira de futebol. Atualmente a coisa mudou, ninguém sabe quem joga na seleção e quem está no poder em todas as áreas do governo – porém, qualquer um consegue nominar os ministros do Supremo Tribunal Federal. Joaquim Barbosa, mesmo fora, é lembrado!
VISITA
As casas de antigamente eram de madeira, menos o telhado. Quando alguém chegava a uma residência, anunciava a presença batendo os pés no assoalho, o que fazia a casa toda vibrar, em seguida, o dono aparecia. Quando as construções começaram a ser feitas de alvenaria, o costume de se anunciar passou a ser através de batida de palmas, cujo som era ouvido pelos donos, que atendiam à porta. Ô de casa!
CASQUINHA
Lá pelos anos 60, as sorveterias de Monte Alto serviam o gelado em casquinhas tipo biju, tal como ainda são. Apenas o Bar Pinguim, que nada tinha a ver com o de Ribeirão Preto, servia numa casquinha branca, uma guloseima à parte.
RIO 2016
Os jogos olímpicos do Rio de Janeiro provocaram um movimento ufanístico no Brasil. De repente, o país que não tinha condições para sediar um evento mundial, passou a deter um modelo admirado pelo universo. Até aí, mérito para os organizadores e parte do governo, o que preocupa é o ufanismo criado com o sucesso. Jogos Olímpicos ou qualquer outro evento cultural ou esportivo realizados em um país, não soma nada ao patriotismo real, que é gerado a partir de uma governabilidade de base, com educação plena, saúde a contento, habitação suficiente e acessibilidade. Ufanismo é um falso sentimento de gratidão e felicidade, como se um país seja invencível e insuperável. A palavra foi criada pelo Conde Afonso Celso, no segundo império, quando o Brasil foi reconhecido pelo mundo todo como um Estado soberano, livre de ingerências estrangeiras. Era uma ilusão, o Brasil estava dependendo do capitalismo internacional, sem razão para patriotismo.
FRASE
“Era uma falsa ilusão”. (Uma universitária referindo-se à segurança que não existia no ônibus que viajava). Se fosse uma ilusão real, a falta de segurança, por acaso, seria melhor?
HORTA
O Sr. Virgílio Mussato, de saudosa memória, era popular na cidade devido à fama de mentiroso, embora em suas mentiras simplórias e lúdicas, muita gente acreditava. Certa vez ele foi a um armazém e comprou um pacote de Bombril, dizendo que iria plantá-los na sua roça. O tempo passou, e ao retornar no armazém, o dono perguntou, se o Bombril havia nascido. Ele, sério, olhou para o cara e respondeu:
– Nasceram sim, mas choveu e enferrujou tudo!